Segundo consta do livro «A natureza das religiões emergentes», de Kazuhiro Hayakawa (Editora Apple), o homem que se tornou conhecido como Sukuinushi-Sama, de nome Yoshikazu (Oda) Okada, nasceu em Aoyama, Tokyo, no dia 27 de fevereiro de 1901. Pertencendo a uma família tradicional de militares, em 1920 ingressou na academia militar e, em 1937, foi nomeado chefe da seção do Comando de Transporte Ferroviário da 1ª Divisão Administrativa Omoto, tornando-se responsável pela operação de transporte na conquista de Nanking, operação Shangai e operação da baía de Hangzhou. 

 

Embora não tenha tido participação direta no famoso «massacre de Nanking», onde 12 mil pessoas, entre militares e civís, teriam sido mortos pelos soldados japoneses, um fato inegável é que Kôtama foi colega e amigo de Kiyoharu Tomomori, um militar acusado e condenado por crime de guerra (http://home.comcast.net/~winjerd/IMTFE_2.htm), que mais tarde, como diretor sênior da SM, viria a desempenhar um papel decisivo nos rumos dela. 

 

Em 1945, Kôtama foi acometido de osteíte (tuberculose da coluna vertebral) e, para se tratar, internou-se no hospital municipal Otsuki, na provincia de Yamanashi, onde conheceu Kôko Inoue.  Não tardou a se enamorar dela, vindo a se hospedar na sua casa, onde conheceu a seita Sekai Kyusei-kyô (SKK) (Igreja Messiânica) cuja prática, chamada johrei, curou-o da enfermidade, fazendo com que o casal procurasse a sede da SKK, em Tokyo, com o término da guerra.

 

Após ter dado baixa do exército devido à doença, diz-se que Yoshikazu criou uma fábrica de munição, que foi destruída por um ataque aéreo durante a guerra, deixando-o endividado. Sendo assim, após ingressar na SKK, em 1947, o casal se devotou na prática do johrei (imposição da mão) por alguns anos, durante os quais ele foi nomeado shochô (chefe) da filial Wakô, na província de Saitama e onde Yoshikazu adotou, pela primeira vez, o nome Kôtama, exigindo dos demais seguidores que o chamassem de «Kôtama sensei (mestre Kôtama)». 

 

Entretanto, devido à sua compulsão em invocar os espíritos e por ter tocado no corpo de uma receptora do johrei, apesar da existência de proibição para tal, Yoshikazu acabou sendo demitido e começou a frequentar a entidade Makoto no Michi (Caminho da Verdade), onde os seguidores eram chamados de kumitê e praticavam o manate, arte da colocação da mão, para prevenir doenças. Por esta época, a sua curiosidade sobre as religiões se intensificou, chegando a interessar-se inclusive pela Seichô-no-Iê.

 

Vivendo maritalmente com Kôko Inoue, Yoshikazu decidiu separar-se da esposa, que sem meios de sobreviver com as duas filhas pequenas, foi forçada a rodar pelas casas de parentes. Por este motivo, quando criou a L H Yokoshi Tomo-no-kai (L H Associação de Amigos Yokoshi), em 1959, associação precursora da Sekai Mahikari Bunmei Kyodan, os familiares e parentes de Yoshikazu afastaram-se definitivamente dele, conseguindo encaminhar apenas a sua filha mais velha.

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Yoshikazu teve então a idéia de criar a Sekai Mahikari Bunmei Kyodan, plagiando quase a totalidade do que havia aprendido na SKK e em outras entidades, desde a imposição da mão, as revelações supostamente divinas, a parte doutrinária e até o sobrenome Okada do fundador da SKK. Tais fatos não são revelados aos kumitê, para justificar a alegação de que a imposição da mão, outrora permitida apenas aos enviados de Deus, como Jesus Cristo e Sakyamuni Gautama Buda, foi finalmente permitida à humanidade através do primeiro Oshienushi Kôtama Okada, equiparando-o a Jesus e a Buda.

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​Curar doenças colocando-se a mão (teate) tornou-se popular a partir da seita Ômoto-kyô, a qual originou-se da seita Konkô-kyô, considerada uma das 3 maiores novas religiões (movimentos sectários) do fim da era feudal. As outras duas são a Kurozumi-kyô e a Tenri-kyô.Entretanto, supõe-se que Mokiti Okada, fundador da Sekai Kyûsei-kyô (Messiânica), tenha sido o pioneiro na «imposição da mão». Na ocasião em que ele foi preso, acusado de infringir a lei médica,foi-lhe dito que o problema estava em tocar nas pessoas, colocando a mão, de modo que ele passou a impor a mão.Mokiti Okada havia estudado a terapia Usui de Reiki, considerada a fonte do Reiki, fato conhecido não só entre os praticantes da terapia, mas também entre os leitores dos livros de Okada.Na Bíblia da seita Sôka Gakkai «Shaku Buku Kyôten» usado na evangelização, há referências sobre o aprendizado da terapia Reiki por Mokiti Okada.

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Durante a guerra, o amuleto Ohikari, obra de criação de Mokiti Okada, fundador da SKK, ganhou popularidade devido à fama em prevenir ataques aéreos e até defesa contra balas, vindo a se constituir em proveitosa fonte de renda da entidade, de modo que Yoshikazu, provido de bom tino para os negócios, pensou em criar algo semelhante.

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Assim, o johrei da SKK foi transformado em  Mahikari-no-Waza ou arte da imposição da mão, o Ohikari em Omitama e a entidade foi registrada como pessoa jurídica religiosa em novembro de 1963, tendo como o primeiro Oshienushi, Kôtama (Seiô) Okada e em 1968 foi construido o templo matriz no bairro Den-en-Chôfu, Tokyo, no valor de 101 milhões de yens.

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No Japão dessa época havia uma atmosfera propícia ao surgimento de movimentos sectários e de escolas religiosas, pois estava em plena fase de reconstrução do país, arrasado pela segunda guerra muncial. O Shintoísmo nacional, que viera dominando o país até então, foi considerado ilegal, ou seja, o imperador (Tennô), que era uma existência central na vida do povo como um Deus vivo, foi reduzido à categoria de simples ser humano.

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Okada era, portanto, mais um líder de um movimento sectário, entre tantos outros que se julgavam investidos por Deus do papel de preencher este vazio espiritual e, assim, em fevereiro de 1959, nasceu uma religião que viria a se espalhar pelo mundo, tornando-se uma entidade capaz de movimentar uma imensa quantidade de dinheiro.

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Para dar legitimidade espiritual, a seita cita muitas organizações externas, mas para autonomear-se o salvador da humanidade, Kôtama procurou, em 1960, juntamente com o seu braço direito e sócio majoritário no negócio religioso,Sekiguchi, a sede da entidade Makoto-no-michi, para supostamente se submeter à avaliação espiritual através de um ritual conhecido como Tenjô (bastão celestial), originário do Fu chi do Taoísmo, espécie de advinhação em que se usa uma peneira ou bandeja suspensa para guiar uma vara, que traça caracteres chineses na areia ou cinza de incenso. A entidade, que já o conhecia, confirmou a sua legitimidade, conferindo-lhe inclusive o cargo de sacerdote do Yo Miya Mahikari Ro, em 1962.

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Pela versão da entidade Mahikari, um supremo sacerdote do Shintoísmo teria feito o Mitama Uka-gai (algo como inquirição espiritual aos Céus) de Kôtama, através do Tenjô, que seria um ritual secreto constante do Kojiki (registro de assuntos antigos) e Nihon Shoki (crônicas do Japão, o segundo livro mais antigo do país) e que teria sido introduzido posteriormente na China, onde se transformou em Fu chi. Entretanto, os fatos atestam que o ritual de avaliação espiritual foi realizado em um recinto de uma seita chamada Makoto-no-Michi, onde um suposto espírito divino, chamado Ômine Rôsen, teria confirmado a natureza do espírito de Kôtama. O Fu chi, por sua vez, foi trazido da China pelos soldados japoneses, não podendo constar, portanto, no Kojiki ou Nihon Shoki.