top of page

Relógio de algibeira

 

Segundo preconiza a entidade, a ligação espiritual de cada omitama com o Deus Mioya Moto SU Mahikari Oomikami (Deus SU) é feita individualmente pela Oshienushi, através de um rito especial. Por esta razão, se o kumitê coloca no pescoço o omitama de outra pessoa, comete o que se chama «goburei» ou falta, ocorrendo a interrupção automática do fornecimento da luz divina.

 

Para efetuar a ligação ou preparação de cada omitama é necessário que o dirigente superior tenha concluído o seminário especial, porém, caso seja destituído do cargo ou desligado da entidade, a ligação espiritual do seu omitama com Deus SU é interrompida, não podendo mais fazer a preparação dos omitama. Isto significa dizer que se o dirigente deixar a entidade para fundar uma entidade própria, autonomeando-se Oshienushi, não terá a capacidade ou habilitação para preparar os omitama.

 

Assim sendo, mesmo que a Keiju Okada, prevendo a derrota na batalha judicial sobre a sucessão do cargo de legítimo Oshienushi da entidade Sekai Mahikari Bunmei Kyodan, tenha criado uma outra entidade, de nome Sûkyô Mahikari, o seu omitama especial não estaria mais ligado a  Deus SU espiritualmente.

 

E se continuasse a preparar os omitama nessa condição, como vem fazendo, não só estaria enganando os kumitê, entregando-lhes réplicas de omitama sem nenhum poder ou valor, como (e principalmente) incorrendo em «goburei» (falta) gravissimo perante Mioya Moto SU Mahikari Oomikami e o próprio fundador, Kôtama Okada, que somente havia lhe permitido prestar o seminário especial, para poder auxiliar Sekiguchi, quando este assumisse o cargo de Oshienushi, sucedendo-o na missão.

 

Mesmo este raciocício simples seria suficiente para desqualificar o pendente, «mais valioso do que a própria vida» do portador, segundo prega a SM, mas saber a sua origem, o motivo pelo qual ele foi criado, deveria convencer de vez os kumitê mais renitentes. Conforme foi explicado, devido à popularidade do Ohikari, o amuleto milagroso da SKK, inventado por Mokichi Okada, Kôtama teve a idéia de criar algo semelhante, mas somente o processo judicial, que teve lugar anos depois, é que iria revelar onde ele o encontrou.

 

No boletim nº 5 da Sociedade da Lei Religiosa (novembro de 1986), onde está registrado o teor do processo, encontra-se a foto do omitama do fundador, que exibe um perfil de um ocidental. A legenda da foto diz: « Parece ser uma moeda de ouro americana de 1866, transformada em medalha, mas na realidade não é uma moeda, podendo ser aberta, revelando ser um luxuoso relógio suíço de algibeira, dentro do qual o fundador (Kôtama Okada) colocou o ideograma «sei» (sagrado) grafado por ele mesmo e isto é o goshintai (omitama)».

 

O omitama, que pertenceu ao fundador, foi aberto pelas mãos do agente judicial, que confirmou o seu conteúdo dizendo visualizar algumas letras escritas. Se «cometer a falta de abrir o Omitama» seria um ato gravíssimo, próprio de alguém totalmente manipulado pelo espírito perturbador, Keishu Okada e os dirigentes superiores, que permitiram tal falta, seriam os primeiros a sofrerem as consequências, mas nada ocorreu, a não ser que se considere a derrota no processo uma espécie de punição divina.

 

Essas circunstâncias por demais terrenas, onde não se verifica, em nenhum momento, qualquer intervenção divina, talvez expliquem alguns fatos que envolvem a medalha.

 

Os kumitê mais antigos atestam que o «pendente» inicial da Mahikari não só podia ser pendurado em um prego na parede, como aberto, sendo possível ver o seu conteúdo, que se consistia em uma papeleta com o símbolo «chon» e a assinatura Seiô de Kôtama Okada. Entretanto, a partir de Oshienushi Segundo, uma espécie de solda passou a impedir a sua abertura, embora alguns kumitê, que tiveram os seus omitamas abertos acidentalmente, confirmem o seu conteúdo, como sendo uma papeleta grafada com caligrafias estranhas, que lembram um mantra.

 

Outros dizem que ao ser aberto, o omitama estava vedado internamente com uma espécie de gaxeta e uma papeleta com o ideograma Sei estava dobrada e afixada com cola-tudo no centro. O mais surpreendente é o depoimento de um kumitê que diz ter aberto o omitama, após portá-lo por 7 anos e não ter encontrado nada dentro dele, o que o fez concluir que é perfeitamente possível impor-se a mão sem ele. Se tal ocorre pode ser devido às devoluções de omitama, quando os kumitê decidem deixar a entidade, havendo uma espécie de reciclagem das medalhas, ocasião em que acontece essa espécie de falta de conteúdo, como em qualquer linha de produção.

 

Uma conclusão semelhante chegou outro kumitê japonês, que deixou cair o omitama dentro da fossa sanitária e não querendo desembolsar os 20 mil yens de agradecimento pela purificação, resolveu ocultar o fato e continuou a praticar a imposição de mão por dois anos, durante os quais os receptores do seu Okiyome disseram ter se sentido bem, aliviados da dor etc. Segundo esse kumitê, como os receptores acham que ele está portando o omitama, pode estar acontecendo um efeito placebo ou até mesmo o efeito do Ki, que o ser humano consegue irradiar naturalmente.

 

Citando uma experiência pessoal, lembro-me de ter ficado surpresa quando, durante o meu treinamento externo como kunrensei no Dojô de Londrina, presenciei o orientador Ômori retirar o seu omitama sem ter lavado as mãos. Este foi o início de uma série de eventos envolvendo o omitama, como ouvir o diálogo entre a Dª Chieko, esposa do então Shidô-buchô Shirasaki, repreender uma kanbu brasileira, devido ao grande número de omitama com falta que esta havia trazido, e analisando as circunstancias das faltas, dispensar a purificação em determinados omitama, como os que haviam sido colocados na entrada ou vestíbulo do banheiro (considerado impuro na orientação geral).

 

Tal incidente deu-me a impressão de que a necessidade de purificação não era algo determinado por Deus, podendo ser adequada à conveniência humana, como a pressa ou quantidade excessiva.

 

Durante o treinamento no Shinga-dai, esquecí de recolocar o omitama após o banho, passando a manhã seguinte sem ele e após aplicar o Okiyome em uma colega estrangeira, esta foi acometida de uma reação (processo de limpeza) tão forte que foi levada, às pressas, para uma clínica do vilarejo.

 

Esse tipo de experiência não deve ser novidade para os kumitê ativos e de longa data, mas conforme um ex-kanbu da SMBK, as manifestações espirituais ou os efeitos do Okiyome são provocados pela intenção ou vontade do aplicador, o que pode explicar esses fenômenos.

Atualmente é possível assistir vídeos na YouTube onde ex-kumitê desembrulham os omitamas, abrindo-os e exibindo o seu conteúdo, mas alguns ex-kumitê japoneses vão mais além, colocando o omitama no Yahoo Auction (leilão da Yahoo)e postando relatórios posteriores, no intuito de desmistificar ou desmascarar a seita.

 

O ato mais ousado, entretanto, foi o do ex-kumitê japonês Ko Heibun, que postou este ano (2014) no seu blog, fotos do seu omitama superior aberto e cortado ao meio com alicate, com o objetivo de provar aos kumitê fanáticos que de divino a medalha não tem nada.

 
 

Foto do relógio de algibeira, constante do texto sobre o processo judicial, de autoria do advogado Masao Ono, publicado no Boletim nº 5 da Sociedade da Lei Religiosa.

Conteúdo do omitama

aberto por um ex-kumitê japonês, que cortou em tiras a papeleta encontrada ​para ver o que acontecia.

bottom of page