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O falecimento de Kôko Okada

 

 

Recebí a notícia do falecimento de Kôko Okada, também conhecida como Oshienushi II, Keiju, Keishu e Seishu, através de ex-kumitê.

Segundo a nota, como sempre mal redigida, distribuída pela Sede da América Latina a todas as regionais, dizia que o falecimento havia ocorrido no domingo (18 de setembro de 2016), mas não dizia a hora, local da ocorrência, causa mortis, nem mesmo a idade da falecida, limitando-se a comunicar que um omairi (elevação de prece) seria realizado no término do expediente da sede daquele dia e que não era necessária nenhuma convocação de kumitê (seguidores) para a realização de alguma cerimônia especial. Bastaria a cada kumitê elevar uma prece de gratidão individual, onde quer que se encontrasse no momento.

Embora soasse um pouco estranho este tipo de procedimento para quem fora venerada como a representante terrena de Deus, ainda assim me dei ao trabalho de entrar no site oficial da seita, para ver se encontrava alguma informação mais detalhada, mas nada havia.

Através do post do ex-kumitê japonês, Ko Heibun, nos blogs dele e pela informação enviada por um ex-kumitê brasileiro, parece que nem mesmo os kanbu (orientadores, dirigentes) tinham conhecimento dos detalhes acerca da morte desta mulher de 86 anos, forçada a assumir o papel de guru da seita Sekai Mahikari Bunmei Kyôdan, logo após a morte inesperada do seu fundador, Yoshikazu Okada, conforme poderão ver nos tópicos desta homepage.

Nunca fui seguidora fánatica dela, preferindo permanecer no Dojô de Belém, quando a maioria dos kumitê seguiu em uma caravana para ir recepcioná-la na sua chegada a São Paulo, como parte da sua peregrinação histórica pela América Latina. Hoje até acho graça em ver fotos de kumitê de Belém, constantes da revista lançada em comemoração à essa visita, porque muitos deles se afastaram da seita, algum tempo depois.

Contudo, não posso deixar de pensar que, caso a Kôko não tivesse tido a infelicidade de conhecer Yoshikazu, quando era uma jovem aprendiz de enfermeira, talvez pudesse ter tido um destino mais digno e feliz, com marido, filhos e netos, sem precisar morrer com a pecha de comparsa de charlatão e pior: desprezada dentro da seita que criou.

Isto porque, após seduzir a jovem e ingênua Kôko, o lolicon* Yoshikazu só fez se aproveitar dela, antes e após a fundação da seita SMBK, impedindo-a inclusive de ter filhos, já que, para justificar a convivência, sob o mesmo teto, com uma mulher 20 anos mais nova, Yoshikazu inventou a história de tê-la adotado.

Após a morte inesperada de Yoshikazu, foi a vez de o amigo dele e criminoso de guerra, Tomomori, entrar em ação, fazendo a cabeça da Kôko, para usurpar o título de Oshienushi II do sucessor Sekiguchi, a fim de passar a manipulá-la em proveito próprio e de outros dirigentes.

É possível que a Kôko desejasse cumprir a determinação de Yoshikazu, reconhecendo Sekiguchi como o legítimo sucessor, continuando a desempenhar apenas o cargo de assessora de Oshienushi II e quem sabe, até casar e passar a viver uma vida normal, porém não se sabe se por fraqueza de caráter ou por ambição, acabou concordando em fazer parte da conspiração.

Não estando preparada para tal cargo de responsabilidade nem tendo tino administrativo, muito menos conhecimento como o Yoshikazu, assolada constantemente pela insegurança e medo, é até compreensível que tivesse aprofundado a relação com o pai de Kôo,atual Oshienushi III, adotando-o finalmente, para fazê-lo seu sucessor.

Afinal, Kôo já vinha atuando como redator-fantasma dela, redigindo os ensinamentos mensais que a Oshienushi precisava transmitir na cerimônia mensal no Suza, dando a impressão de ser uma mensagem direta de Deus SU.

Vale notar que tanto a nomeação de Kôo como Odairi (representante-substituto de Oshienushi II) quanto a sua sucessão como Oshienushi III pegaram os kumitê de surpresa, já que nada disso havia sido previsto ou transmitido como plano de Deus ou testamento de Sukuinushi. Pelo contrário, era do conhecimento geral de que após a Oshienushi II, alguém da família imperial iria assumir o papel de Messias, a fim de conduzir a humanidade através do Batismo de Fogo, rumo à civilização da cruz, segundo as próprias palavras do precursor de Messias, Kôtama Okada.

Como vemos, estas manobras nos bastidores, alterando o roteiro original do fundador, bem como o conteúdo das apostilas dos seminários e  publicações  após a sua morte , nada mais revelam do que os interesses e as conveniências daqueles que estão no comando da organização, naquele momento, nada tendo a ver com um suposto plano divino ou revelação de Deus.

Percebe-se assim que a Kôko foi utilizada desde o início, como parte do esquema de enganação, por Yoshikazu Okada, o dirigente superior Tomomori e até Kôo, seu filho adotivo, sem poder casar, ter filhos ou viver honestamente, mas seria injusto dizer que ela teria sido apenas uma vítima, já que além de não ser ameaçada ou torturada para colaborar, teve a chance de viajar o mundo inteiro, ostentar kimonos luxuosos, comer do bom e do melhor e viver sendo idolatrada como guru, tudo à custa do dinheiro suado e do sacrifício dos seguidores.

Eu havia reparado que, desde que Kôo foi nomeado Odairi, a «Oshienushi-samá» gradativamente foi desaparecendo de cena, até sumir completamente, após a sua sucessão. Como me afastei definitivamente da seita nos idos do ano 2008, não posso dizer o que aconteceu desde então, mas pela informação que obtive recentemente, suspeita-se que ela estivesse sofrendo de demência e cegueira, razão porque a seita decidiu ocultá-la dos kumitê e do público.

Se esta versão for verdadeira, eu diria que foi um final um tanto trágico  para quem supostamente devotou a vida à salvação espiritual, mental e física da humanidade, mas os kumitê «cegos e dementes» certamente inventarão as mais estapafúrdias desculpas para justificar essa ocorrência, como sempre.

O fato é que, após o desaparecimento do último obstáculo para a realização plena da sua ambição, o 3º representante de Deus na Terra terá o caminho livre para fazer o que quiser da seita, até mesmo mudar o objetivo pelo qual ela foi criada, o que, a meu ver, já está acontecendo.


*lolicon é um termo cunhado pelos japoneses para indicar um indivíduo com complexo de lolita, ou seja, um homem maduro que tem atração irresistível por adolescentes.




 

 

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