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Reishô (perturbação espiritual) da SM

 

(fonte: Wikipédia, com minhas observações em vermelho)

 

 

Possessão espiritual ou posse espiritual é um conceito de crença paranormal e/ou sobrenatural em que é alegado que almas, espíritos, deuses, daemons, demônios, animas, extraterrestres, ou outras entidades desencarnadas assumem o controle de um corpo humano, resultando em mudanças perceptíveis na saúde e/ou comportamento. 

 

O termo também pode descrever uma ação similar de tomar residência em um objeto inanimado, possivelmente dando-lhe animação. O conceito de possessão existe em muitas religiões pelo mundo, incluindo o Cristianismo, o Budismo, o Vodu haitiano, Wicca e tradições da África e do Sudoeste Asiático; o conceito também pode ser visto na mitologia e no folclore de muitas culturas. 

 

Dependendo do contexto cultural em que se dá, a possessão pode ser considerada voluntária ou involuntária e pode ser considerada como tendo efeitos benéficos ou prejudiciais para o possuído.

Os mais suscetíveis de serem possuídos são pessoas com limites fracos e baixa auto-estima, o que para céticos acerca da possessão aponta para o envolvimento do ego disfuncional em manifestações deste fenômeno, em vez de reais entidades externas. 

 

 

Transtorno psicológico

 

 

Transtorno de transe e possessão(CID-10) ou Transtorno de Transe Dissociativo(DSM-IV) é um transtorno dissociativo caracterizado por uma perda transitória da consciência de sua própria identidade, associada a uma conservação perfeita da consciência do meio ambiente. Apenas estados de transe involuntários e não desejados são considerados transtorno, não devendo ser classificado como doença quando ocorre apenas em situações adequadas ao contexto cultural ou religioso do sujeito. 

 

Transtornos dissociativos geralmente ocorrem em relação temporal estreita com eventos traumáticos, problemas insolúveis e insuportáveis ou relações interpessoais difíceis. Ocorre uma cisão (divisão) do ego(identidade pessoal) e uma nova personalidade com lembranças, consciência, identidade, percepção e controle dos movimentos corporais peculiares é formada. Esse fenômeno é conhecido como transtorno de despersonificação ou como transtornos egodistônicos.

 

Podem ser causadas por sugestão, sendo relacionado a sugestionabilidade do indivíduo, como uma hipnose ou, em casos mais graves, uma lavagem cerebral. 

 

(As igrejas pentecostais e as seitas, como a Mahikari, lançam mão dessa metodologia para provocar transtornos dissociativos, fazendo crer em possessão espiritual, a fim de exercer controle dos seguidores sugestionáveis)

 

O impacto e eficiência da sugestão é proporcional ao quanto a idéia sugerida atende às necessidades emocionais do individuo e de sua cultura.  Ou seja, quanto mais emocionalmente e psicologicamente abalado, com vida social e familiar insatisfatória, ansioso por aprovação social, impulsivo e emotivo, mais se torna sugestionável. 

 

(Pode-se dizer que 100% das pessoas que ingressam na Mahikari o fazem por acreditar que a proposta e a prática da seita atendem às suas buscas, sejam cura de doenças, problema financeiro, sociedade mais justa, etc.)

 

No transtorno de Transe Dissociativo assim como no transtorno dissociativo de identidade (vulgarmente conhecido como múltiplas personalidades) as principais características são a perda parcial ou completa das funções normais de integração das lembranças, da consciência, da identidade e das sensações imediatas e do controle dos movimentos corporais. 

 

Assim, a "possessão" é como uma nova personalidade criada pela própria pessoa com suas peculiaridades, tom de voz, gostos, controle de movimentos, identidade e lembranças distintos.

 

(Na manifestação espiritual, que se observa nos receptores do okiyome (aplicação da «luz divina»)da SM, o manifestado exibe uma ou totalidade dessas características, assumindo personalidades não apenas do sexo oposto, de idades e épocas diferentes, como também de animais)

 

 

Como identificar o transtorno dissociativo

 

Sinais indicativos que se trata apenas de uma experiência cultural :

 

Ausência de sofrimento psicológico;

Ausência de prejuízos significativos sociais, escolar ou no trabalho;

A experiência tem duração curta e ocorre episodicamente;

Atitude crítica sobre a realidade objetiva da experiência;

Compatibilidade da experiência com o grupo cultural ou religioso do indivíduo;

Não associado com outros transtornos psicológicos;

A experiência gera crescimento pessoal;

A experiência é controlada;

É uma experiência social.

 

Sinais indicativos de que se trata de um transtorno psicótico ou dissociativo, com conteúdo religioso:

 

Causa sofrimento;

Causa prejuízo social, escolar ou no trabalho;

Associado a outros sintomas psiquiátricos;

Incongruente com a religião e cultura do indivíduo;

Involuntário;

Desestruturante;

Indesejado;

Persistente;

 

Basicamente a diferença entre possessão saudável e transtorno que requer tratamento é o quanto de prejuízo ele causa.

 

(A maioria dos fenômenos de manifestação espiritual da SM, a meu ver,não resulta do transtorno dissociativo, sendo mais uma forma catártica de minorar as necessidades emocionais e físicas do kumitê (seguidor), porém ocorrem também manifestações espirituais que acabam interferindo na vida do seguidor, quando se tornam persistentes, de variados tipos e violentas, criando temor e constrangimento, inclusive à família.

 

Embora a seita alegue ser parte do processo de purificação espiritual do seguidor e dos espíritos obssessores, esta espécie de prática pode provocar realmente um transtorno mental no kumitê,além de criar uma ilusão e levar à dependência maléfica, o que, afinal é o objetivo da seita)

 

 Terapia

 

O critério recomendado por médicos e psicólogos para diferenciar possessões que precisam ou não de tratamento é o quanto de sofrimento, perigo e prejuízo eles causam: quanto mais prejudiciais e frequentes forem os episódios mais urgente a necessidade de tratamento.

 

Dentre os pacientes tratados 67% conseguem fazer uma reintegração social e cognitiva saudável e estável em uma média de 21.6 meses.4 A maioria dos que continuam instáveis e desintegrados demonstram melhora significativa. A recomendação médica é de 3 sessões de 1h por semana iniciais de psicoterapiadinâmica e pelo menos uma sessão por semana após o indivíduo alcançar maior estabilidade durante 2 anos. 

 

Pode durar mais caso o paciente não esteja produtivo e saudável ao final de 2 anos.

 

Assim como qualquer psicoterapia, a primeira parte envolve estabelecer um ambiente tranquilo e seguro para expressar segredos e intimidades e um relacionamento de confiança e não-punitivo entre o terapeuta e o paciente. 

 

Assim que a relação terapêutica é estabelecida, o terapeuta estimula a auto-reflexão dos pensamentos, emoções e sensações do paciente dentro e fora do contexto terapêutico com muitas perguntas e integrando as análises e reflexões. As múltiplas causas dos sintomas apresentados são analisadas em relação ao contexto do indivíduo. Transtornos psicológicos como depressão e delírios podem ser medicados por um psiquiatra. 

 

Do início ao fim o terapeuta estimula e reforça comportamentos saudáveis e reflexões sobre o que causa e mantem comportamentos não saudáveis de acordo com cada caso. 

 

(veja também os tópicos(clique nos títulos) Controle Mental, O que motiva o relacionamento entre o guru da seita e os seguidores, Técnicas para lidar e neutralizar o controle mental)

 

 

Artigos da Revista de Psiquiatria Clínica (úteis para a compreensão do fenômeno)

 

 

O olhar dos psiquiatras brasileiros sobre os fenômenos de transe e possessão

 

http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol34/s1/34.html

 

O diagnóstico diferencial entre experiências espirituais e transtornos mentais de conteúdo religioso

 

http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol36/n2/75.htm

 

Excertos dos artigos:

 

«Com relação aos fenômenos mediúnicos das chamadas “seitas espíritas”, surgidas em contextos urbanos modernos, o médico Nina Rodrigues supôs que teriam causas e mecanismos similares aos que descrevera para os estados-de-santo, mas não os observou nem estudou em detalhes (Nina Rodrigues, 1935). Comenta sobre a “loucura espírita” em artigo sobre as “loucuras epidêmicas no Brasil” (1901), em que se vale de informações fornecidas pelo psiquiatra paulista Francisco Franco da Rocha. 

 

A maior crítica que dirige aos praticantes do espiritismo, sobretudo aos “chefes de seita”, é a de estimularem fenômenos psicopatológicos latentes, o que sob certas condições poderia conduzir à loucura coletiva ou ao crime – crítica comum entre os alienistas europeus citados pelo médico brasileiro (Nina Rodrigues, 1939)»

 

 

«Para o psiquiatra Rubim de Pinho, a psiquiatria sempre identificou esses estados como dissociação histérica. 

 

Ele diz que se os histéricos utilizam mecanismos dissociativos, de alteração da consciência, nada impede, entretanto, que pessoas psiquicamente sadias, quando acionadas por fatores culturais e religiosos, desenvolvam estados alterados de consciência sem significação patológica

 

Para o pesquisador, as “(...) populações dos centros espíritas e candomblés incluem imensa maioria de pessoas normais, simultaneamente com a minoria de anormais, estes em parte levados pela expectativa das curas”. Ele chama a atenção para como as atividades terapêuticas das religiões mediúnicas no Brasil atraem pessoas que freqüentemente buscam simultaneamente tanto o psiquiatra como os centros religiosos. O sucesso dessas religiões, para ele, em parte é explicado por tal função terapêutica».

 

 

 

 

 

 

 

 

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