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Controle da mente


Apesar de tantas contradições e falhas, muitas pessoas ingressam e permanecem na Mahikari devido à poderosa técnica de persuasão, que a entidade exerce sobre elas. Em janeiro de 1954, um psiquiatra norte-americano, Dr. Robert Jay Lifton, empreendeu um estudo sobre as manipulações mentais dos prisioneiros de guerra americanos na Coréia. Ele reuniu informações sobre as técnicas de confissão e "reeducação" usadas pelos comunistas chineses, que atuaram ao lado da Coréia do Norte durante a Guerra da Coréia, que terminou em 1953.

Essas técnicas permitem entender melhor o processo do controle da mente e definir critérios válidos, não apenas para os regimes totalitários como a China comunista, mas também para os movimentos sectários prejudiciais (conforme definido pelo relatório da Comissão Parlamentar Belga sobre seitas).

 

Contrariamente à noção comum de lavagem cerebral, Lifton sempre sustentou que uma coerção como essa só pode influenciar um comportamento temporário ou produzir neurose geral, não havendo mudança permanente de crença ou personalidade. Psicólogos como Steven Hassan, autor do livro «Combatendo o controle da mente dos cultos», têm adaptado essa teoria e empregado os termos «totalismo» e «reforma do pensamento» para as práticas de certas religiões e outros tipos de grupos.

 

O termo totalismo foi usado pela primeira vez por Lifton, para caracterizar os movimentos ideológicos e organizações que buscam o controle total do comportamento e pensamento humanos. (O uso do termo por Lifton difere das teorias do totalitarismo na medida em que pode ser aplicado à ideologia dos grupos que não detêm o poder governamental.)

 

Segundo Lifton, o fenômeno da indução mental deve ser sempre considerado dentro de um contexto histórico específico. Sendo uma característica importante da vida moderna a perda de estruturas simbólicas que permeiam os rituais de transição no ciclo da vida e a deterioração dos sistemas de crenças em relação à religião, autoridade, casamento, família e morte, os cultos viriam a preencher essa lacuna, oferecendo um rito de iniciação grupal de transição para a vida adulta ou a  formação de uma identidade adulta fora da família.

 

Para algumas pessoas, a experimentação de um culto faz parte da pesquisa proteana. Estilo proteano é, originalmente, um conceito de carreira, que, entre outros fatores, tem como características o aprendizado, o sucesso psicológico e a expansão da identidade, independentemente da profissão ou empresa escolhida. A vivência em um culto envolve uma experimentação contínua psicológica com o EU, uma capacidade para endossar idéias contraditórias  e uma tendência a mudar as próprias idéias, companhias e o modo de vida、 com relativa facilidade.

 

Por outro lado, as imagens de extinção derivada da ameaça contemporânea de uma guerra nuclear influencia padrões de totalismo e  fundamentalismo em todo o mundo. A guerra nuclear ameaça a continuidade humana e prejudica os símbolos da imortalidade. Os cultos apoderam-se dessa ameaça para fornecer princípios de imortalização. O ambiente do culto favorece uma oportunidade contínua para a experiência da transcendência - um modo de imortalidade simbólica em geral, reprimida na sociedade industrial avançada.

 

Os cultos são, primariamente, um problema mais social e cultural do que psiquiátrico ou jurídico, mas os profissionais da psicologia podem fazer contribuições importantes na educação pública para lidar com o problema. Com um maior conhecimento sobre eles, as pessoas ficarão menos suscetíveis ao engano e isto tem feito com que alguns cultos encontrem maior dificuldade em recrutar membros.

 

Entretanto, alguns dilemas morais permanecem. Quando as leis são violadas por meio de fraude ou dano específico aos membros, a intervenção jurídica é claramente indicada.Porém, o que dizer das situações em que o comportamento é praticamente automatizado, a linguagem reduzida ao clichê e o membro da seita expressa certa satisfação ou até mesmo felicidade em pertencer à ela?

 

 

 
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