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Kumitê de segunda geração

 

 

Os kumitê de segunda geração talvez sejam as maiores vítimas da seita, devido ao fato de os pais kumitê fazê-los receberem o okiyome desde pequenos, inscrevendo-os no seminário básico, sem lhes dar opção. Deste modo, crescem dentro dos dojô, sendo moldados, desde cedo, para se tornarem peões obedientes no futuro. 

 

Algumas vezes, à medida que crescem, essas crianças começam a sentir um conflito interno intenso, que sem meios de extravasar, pode gerar «manifestações espirituais» na adolescência ou na idade adulta, como uma forma inconsciente de dirigir a raiva e a frustração contra a seita opressora.

 

Como falei em outra página, o fenômeno de manifestação espiritual pode ocorrer em pessoas sugestionáveis e sob condições adequadas, conforme observado durante o culto nas igrejas evangélicas e sessões de candomblé, mas também pode ser induzido, como na hipnose.

 

Em relação a este assunto, leia o tópico  Reishô (perturbação espiritual) da SM.

 

Quando ingressei na SM acreditava piamente na existência da luz divina e do carma e esta crença foi reforçada quando comecei a presenciar inúmeros e variados tipos de manifestação espiritual não apenas dos kumitê, mas também dos não-kumitê. Se, de um lado, tal fenômeno causava-me certo temor, por outro lado era uma prova de que a luz divina existia e tinha o poder de fazer os espíritos possessores virem à tona, para purificá-los e assim procurei, desde o início, ativar o «modo manifestação», principalmente quando recebia o okiyome frontal dos dirigentes.

 

Desnecessário dizer que tal procedimento alcançava êxito e pude manifestar desde espíritos de animais até deuses malignos (segundo análise de um kanbu) e quando fui servir como kunrensei (aprendiz de orientador)no dojô do Rio, cheguei ao requinte de manifestar mesmo sem receber o okiyome frontal, na solidão noturna do meu quarto. Mesmo sem me dar conta de início, «manifestar» tornou-se um meio catártico de aliviar o stress gerado pela dedicação diária, não sendo, portanto, um transtorno dissociativo, uma vez que o transe era voluntário e ocorria em uma situação adequada ao contexto cultural ou religioso em que eu vivia.

 

Penso, hoje, que esta deveria ser a maioria dos casos de manifestação espiritual, conforme podemos ler nos artigos acima citados, podendo ser até benéfico para os praticantes do tekazashi da SM, não fosse a sua origem fraudulenta e o esquema de ganho atrás dela. Por causa disto, conforme aponta o médico Nina Rodrigues, «há o risco de os  praticantes do espiritismo, sobretudo os “chefes de seita”, estimularem fenômenos psicopatológicos latentes, o que sob certas condições, pode conduzir à loucura coletiva ou ao crime». 

 

O que tenho observado, como resultado da manipulação errada ou amadorística da bio-energia, sob forma de okiyome, é que além de não proporcionar purificação em nenhum nível, pode desencadear impulsos ou comportamentos prejudiciais em determinados indivíduos, até mesmo dirigentes, sem falar em outras consequências, concluindo-se que os seguidores dessa seita auferem, ao final,mais malefícios do que benefícios.

 

Quanto aos filhos de kumitê que nasceram e cresceram dentro da seita, conforme comentário de uma ex-kumitê japonesa, com o tempo deixam de frequentar o dojô e se afastam, criando uma situação de conflito na família, embora a maioria não consiga abandonar a seita, por causa dos pais, tornando-se meros cabides de omitama.

 

 

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