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SUKYO MAHIKARI - A pior escolha (publicado como mensagem de primeira página em 16-11-2016)

Meu nome é Evaldo C Elias , especialista em soldagem. Faço este relato como fidelidade à verdade  (makoto), de sinceridade à Deus, exatamente como prega a doutrina mahikariana. 

    
1985  O começo de tudo
O sonho de um mundo melhor parecia possível. Finalmente surgia um ensinamento profundo, consistente, real e estava ao alcance de todos. Não tive dúvidas, embarquei na «nave da felicidade» do Okada 1 (conhecido como Sukuinushi-sama) , que prometia saúde, harmonia e prosperidade e, melhor, a salvação de toda humanidade. A «era da noite», do sofrimento e da angústia, estava com os dias contados. Segundo Okada 1, iniciava-se agora a época do gradativo «amanhecer espiritual»,rumo à civilização espiritual, onde os justos e sinceros finalmente triunfariam.


Eu acreditei.


Começava para mim uma cruzada de salvação da humanidade, onde eu fosse ou estivesse e o meu trabalho de orientação técnica e venda de materiais de soldagem tornou-se um meio propício para o cumprimento desta cruzada.


Como éramos orientados a colocar Deus acima de tudo, elaborando uma agenda espiritual, o meu trabalho passou a ficar em segundo plano, adaptando as idas e vindas de modo a atender o «plano de Deus», mesmo que tal procedimento me trouxesse prejuízos.


Passei a me devotar à leitura dos ensinamentos e à sua prática, pois o tempo dos céus havia chegado e Deus decretara o «estado de emergência».


Eu acreditei.


Todos os acontecimentos deste período estão registrados na minha memória, pois a sua narrativa não caberia em uma centena de páginas, mas presenciei  muitos kumitê  (membros da seita)  terminarem suas vidas em acidentes inimagináveis, com pescoço fraturado, cabeça degolada, agonizando sobre uma cama, em completo desamparo ou fora de sí.


Muitos deles  veteranos, investidos em «cargos sagrados», que supostamente teriam os seus carmas (dívidas de outras vidas) eliminados ou minorados através da dedicação incessante, merecendo, ao menos, uma morte digna.


Mal podia imaginar então, que os próprios fundadores das duas Mahikari (a SMBK e SM), Yoshikazu Okada e Kôko Okada, não teriam «mortes dignas», conforme poderão constatar na homepage «Aprendendo com a Sukyo Mahikari» e tantos outros sites sobre a Mahikari.


Esses «fenômenos infelizes» me perturbavam, mas eu me recusava a questionar, a duvidar, sequer aceitava a idéia de engôdo de alguém que havia recebido tantas revelações divinas.


Eu acreditei.


Apesar de pesquisar sobre civilizações, religiões e seitas do mundo inteiro, há muitos anos, a miscelânea que os  três Okada produziram, desde a criação da Sekai Mahikari Bunmei Kyodan (SMBK), nunca me provocou estranheza.
Nem mesmo as circustâncias que envolveram a criação da Sukyo Mahikari pela Keishu Okada, após a derrota na contenda judicial para o legítimo sucessor de Kôtama (Yoshikazu Okada), Sakae Sekiguchi, não foram suficientes para me despertarem suspeitas, embora sejam uma comprovação da origem fraudulenta das duas seitas, nada tendo de divina, como poderão ver na HP acima citada.


Não me esforcei em procurar maiores informações sobre a seita, porque julgava-a acima de qualquer suspeita,mesmo com todas as provas expostas publicamente.
Eu estava cego, surdo e mudo.

2016  A percepção


Apesar da minha fé inabalável na seita, resolví fazer um balanço da minha dedicação de três décadas: aproximadamente 12 mil okiyome recebidos e 18 mil okiyome aplicados, não apenas nas pessoas, como também em ambientes, plantas, máquinas, animais, enfim em tudo o que era possível aplicar.


O resultado mais visível foi a piora gradativa da minha vida e de meus familiares, à medida que os anos foram passando, mas a orientação que recebemos foi para dialogar com Deus, expondo-lhe como a nossa tolerância ao sofrimento havia chegado ao limite. Esta orientação revelou-me muitas coisas: a irresponsabilidade e o descaso dos orientadores em relação aos seguidores, pois além de proporem barganha com Deus, em nenhum momento se ofereceram para nos aplicar o okiyome ou, ao menos, orarem por nós.


A sensação de desconfiança, que começou a despontar dentro de mim, foi plenamente confirmada algum tempo depois, durante uma visita que fiz à Batavo, uma grande indústria alimentícia paranaense.


Conversando com o diretor responsável pelo controle de alimentos, falei-lhe sobre o poder purificador do okiyome e ele me permitiu impor a mão nos alimentos, a fim de serem analisados posteriormente no laboratório.


Sob o olhar curioso do diretor apliquei 20 minutos de okiyome nos aditivos alimentares dispostos sobre uma mesa e retornei 15 dias depois, confiante de que alguma mudança deveria ter ocorrido neles. Contudo, o exame laboratorial mostrou que os aditivos não haviam sofrido qualquer alteração, causando-me um grande constrangimento e até preocupação, pois a seita divulga largamente o efeito neutralizador do okiyome, inclusive na radiação.


Sistema financeiro espiritual
Após essa experiência desastrada e alarmante, comecei a analisar os muitos aspectos operacionais da seita. Logo percebí uma série de contradições, como a da proibição dos kumitê fazerem empréstimo de dinheiro a outros kumitê ou associarem-se em um negócio.


Contudo, nenhum kumitê pode negar que existe um esquema de financiamento do valor do Seminário de um kumitê a um candidato ao Seminário, que poderá devolvê-lo ou não, mas mais do que esse procedimento velado, a própria direção da seita faz  empréstimo para a construção de sedes nas diversas regionais.


Em Curitiba, por exemplo, existia uma sede própria, construída com incansável e inabalável fé dos membros de toda a região sul do Brasil. Quando necessitaram de uma sede maior, Okada 3 prontificou-se a doar um terreno de ótima localização, emprestando também o capital necessário para a construção da sede.


Raciocinemos: se tudo que a entidade possui, incluindo-se a sua conta bancária é fruto de oferenda, contribuição ou doação dos membros, Okada 3, que é o guru da seita e seu administrador, não poderia dar a impressão de estar fazendo um favor aos seguidores, doando ou emprestando a eles aquilo que eles mesmos oferendaram à seita.


Muito menos solicitar a devolução de um suposto financiamento e menos ainda omitir de comunicar-lhes o andamento da devolução, de modo que os «devedores» saibam até quando é necessário fazer a devolução. Mas é isto que acontece, sugerindo a existência de um bem elaborado sistema ou esquema financeiro, para explorar os kumitê duplamente.


Por ocasião da inauguração da sede, o novo dono da seita, Okada 3, resolveu comparecer, aproveitando para fazer uma viagem turística pelo Brasil, sob a desculpa de dar proteção e luz à Olimpíada, sediada no país em frangalhos. Os kumitê, sentindo-se profundamente honrados e gratos com a presença do representante de Deus na Terra e convencidos de estarem contribuindo para a salvação do Brasil e do mundo, acorreram pressurosamente para fazerem mais doações, oferecendo as suas economias árduamente poupadas.


No seu fanatismo cego, não percebem que décadas de suposta «purificação do mundo espiritual» do Brasil e do mundo e milhões em oblações para o suposto «resgate do carma» não contribuiram em nada para a redução dos «fenômenos infelizes» como a doença, a miséria, os conflitos e as calamidades e que nenhum dos heróicos indivíduos que estão fazendo a diferença são kumitê.


Ou os kumitê, que insistem em negar a realidade, podem me provar que o Brasil e a América Latina tornaram-se paraísos terrestres, graças à atuação da Sukyo Mahikari?


Raciocinando sobre estes fatos, pesquisando e lendo os relatos de ex-kumitê nos blogs e homepages que abundam hoje na Internet, cheguei à conclusão lógica de ter me deixado cair em uma bem montada armadilha, que consumiu trinta e um anos da minha vida.


Confesso que foi extremamente difícil encarar o fato de ter sido enganado e sequestrado pelas mentiras da seita. De saber que nunca houve revelação e que desde a  “bola de luz” até a imposição de mão foram plagiadas  da Igreja Messiânica, que por sua vez copiou da Oomoto, que por sua vez...


Se houve alguma intenção de salvação foi únicamente de salvaguardar os interesses dos donos e dos seus parceiros deste negócio rendoso, influenciando a sociedade em todos os níveis.


E todos nós, kami-kumite veteranos e novatos, sinceros, incautos e até mesmo os interesseiros, estamos sendo usados como  instrumentos nesta jogada, disponibilizando a nossa  preciosa vida, em todos os seus aspectos: nosso tempo, nosso dinheiro, nossas habilidades, nossos lares, nossos familiares, nossos amigos, nossos colegas de trabalho, enfim tudo.


Sentí-me enganado, humilhado, explorado e frustrado, um verdadeiro palhaço desse circo armado para atrair e iludir um auditório inocente, exatamente como você, que está lendo este relato.


Bolinhas vermelhas
Tenho que reconhecer que o sistema imoral criado pelo «Clã Okada», para subtrair dinheiro dos cidadões e enriquecerem sem esforço, projetando um ideal imaginário, é simplesmente genial, porque instiga as pessoas a darem o melhor de si mesmas, como quando estamos perdidamente apaixonados.


E as pessoas nem se dão conta da situação, no mínimo estranha, de se sentirem gratos e felizes pela «permissão de serem depenados»!


Deixamos de frequentar a seita há uns dois meses. Os nossos filhos kumitê, felizmente, nunca demonstraram maior interesse pela seita, mas sabemos que a criação baseada nos valores da Mahikari tem o seu ônus.


Na minha casa existem agora sete omitama sem uso. Um de grau superior, um de grau intermediário e cinco de grau básico.  Sete pendentes supostamente divinos, que, permitam-me sugerir, deveriam ter o formato de bolinhas vermelhas para ostentarmos no nariz.

Além de práticos e muito mais em conta, seriam, acima de tudo, mais adequados aos empregados deste circo chamado Sukyo Mahikari.


Hoje, a exemplo do monge coreano,  Gyeong Taesan, que aderiu à Mahikari e a divulga em seu templo, deixei de me preocupar com ladrões, já que nada mais possuo de valor material, mas os valores morais permanecem intocáveis e a fé está sendo reaprendida.


Edmund Burke escreveu: “ Tudo que é necessário para o triunfo do mal é que os homens de bem nada façam.”     
Por isso, não posso deixar de apelar para os que ainda permanecem nesta seita: tenham a coragem de questionar. Sei, por experiência própria, que a maioria dos seguidores é bem intencionada, lutadora e em busca de um mundo melhor.


Exerçamos o direito de sermos pessoas de bem e não deixemos o mal triunfar.


Meu nome é Evaldo C Elias, especialista em soldagem, mas podem me chamar de “trouxão do Brasil”.


 

 

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