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A ex-kumitê que me enviou o relato abaixo é mais um «espírito imbatível» que conseguiu reagir e superar «os absurdos» que foi forçada a vivenciar dentro desse hospício chamado Sukyo Mahikari.

 

As táticas e orientações citadas no seu relato são bem conhecidas e revelam a natureza doentia dessa seita, mas sempre conseguem me surpreender pelo seu intuito destrutivo e malicioso, resultante de uma imensa frustração e inveja que os kanbu (orientadores e dirigentes), os possuidores de cargo e até os kumitê sentem, de uma maneira incontrolável e obsessiva, diante de pessoas dotadas de personalidade, talento, otimismo, beleza e charme como a Cacá.

 

Somente para esclarecer os incautos, deixo aqui analisadas algumas dessas orientações, que nada mais são do que um estratagema para se aproveitar dos seguidores de boa-fé:

 

Agradecimento ou onrei é a oferenda ou oblação em dinheiro, que os kumitê são recomendados e até coagidos a fazer todas as vezes em que, supostamente, são agraciados com um favor divino, como receber okiyome e proteção, mas também quando são acometidos por alguma desgraça (limpeza do carma). Deste modo, o kumitê não tem como escapar e a seita acaba ganhando em qualquer situação.

 

Okiyome ou imposição de mão diário é recomendado para todos, sob a desculpa de purificação do carma, cura de doenças, etc. , pois quanto maior a quantidade de okiyome aplicado pelos kumitê, maior será a arrecadação em dinheiro. Prova disso é a orientação de fazer o «agradecimento pelo recebimento do okiyome» (okiyome onrei) mesmo quando a troca de okiyome é feita em casa, entre os familiares e quando o kumitê vai aplicar o okiyome em algum mi-kumitê.

 

Gohôshi (servidão física)é uma forma de explorar a mão-de-obra dos kumitê, gratuitamente, para manter e prover a infra-estrutura do dojô (templo) e regionais, como limpeza, arrumação, organização dos eventos, etc.  Deste modo, a entidade poupará a despesa de contratação de profissionais para realizarem periodicamente os mesmos serviços, o que reduziria o lucro gerado pelo negócio religioso.

 

Dentro dos gohôshi, o mais recomendado é o da limpeza das toaletes, devido ao uso constante e para motivar os kumitê, principalmente do sexo feminino, criou-se uma das justificativas mais bizarras da história do carma, onde todas as mulheres carregariam um carma relacionado ao sexo oposto e que, para compensá-lo, o meio correto e eficaz seria a limpeza do sanitário masculino. O disparate de uma tal orientação é tamanha que chegam a dizer: «mesmo que a toalete tenha acabado de ser lavada por outra kumitê, pode-se lavá-la novamente».

 


Quando a beleza e o charme são carma 


Por Cacá

 

Sempre fui espírita kardecista e frequento um centro chamado Perseverança.

 

Um dia eu estava muito desanimada, pois tudo de ruim estava acontecendo naquele momento na minha vida. Havia perdido o meu emprego, além de ter desfeito o meu noivado, pois o meu noivo estava indo morar em outro país  e eu não podia acompanhá-lo.

 

No dia 22 de junho de 2013 conhecí no centro uma "kumitê", que percebendo o meu estado, começou a me falar da Mahikari, dizendo que lá era um lugar de energia "boa" e que eu conseguiria tudo o que  quisesse,bastando receber a luz divina.

 

Fui ao Dojô no dia seguinte, onde recebí o okiyome e fui abordada por uma jun-kambu(assistente de dirigente), que ao saber que eu estava indo pela primeira vez no Dojô, falou que naquela semana ia ser realizado o seminário de grau básico e me convidou para ser ouvinte.

 

Mal podia imaginar, que ao aceitá-lo, a minha vida iria se tornar um inferno.

 

Durante o seminário conhecí aquele que iria se tornar o meu namorado, com quem eu quase me tornei uma seguidora fanática da seita Mahikari. Ao saberem do meu desespero em  conseguir um novo emprego induziram-me a fazer gohoshis(servidão), ao mesmo tempo em que usaram o rapaz, que já possuía o grau intermediário e estava se preparando para o seminário superior, para me convencer a prestar o seminário básico e me tornar kumitê.

 

Deste modo, resolví prestar o seminário básico em setembro de 2013,ansiosa que estava em resolver os problemas que me afligiam, apesar de minha mãe e alguns amigos próximos me alertarem sobre a seita.  Uma amiga da minha mãe, que havia frequentado a Sukyo Mahikari no passado, contou-me sobre as pressões e controle exercido pela seita, que não passava de uma pirâmide religiosa. Todos à minha volta ficaram bastante preocupados com o fanatismo que estava tomando conta de mim e fiquei muito deprimida.

 

Entretanto, na semana seguinte ao meu seminário básico, coincidentemente,  conseguí me empregar, o que reforçou a minha crença na Mahikari, levando-me a aumentar as oferendas e me devotar no gohôshi, até o dia em que me irritei com uma líder da mahikari-tai, que me ligava com frequência, insistindo para que eu fizesse parte do grupo de jovens.

 

Com 30 anos e não sendo nenhuma mocinha ingênua, sabia das obrigações e restrições impostas aos seus membros e não via nenhum motivo para me submeter a elas, mas desde então comecei a perceber o intuito de manipulação que existia atrás dessas atividades.

 

Alguns meses depois, quando uma pessoa muito querida faleceu, fui pedir orientação para uma jun-kambu e ela simplesmente me sugeriu fazer um otamagushi (oferenda em dinheiro) para o espirito dessa pessoa. Aquilo era um procedimento básico dentro da entidade, mas a minha desconfiança sobre o verdadeiro objetivo da seita despontou, principalmente quando comecei a expor algumas dúvidas e percebí uma manobra para colocar o meu ex-namorado contra mim, insinuando que talvez não tivessemos permissão de Deus para ficarmos juntos.

 

Durante uma viagem que fiz em 20 de abril de 2014, dia do meu aniversário, perdi o meu omitama. Tinha cometido uma falta anteriormente, quando joguei-o no chão, após uma discussão com a minha mãe . Por alguma razão eu não me sentia bem portando aquela medalha, que me dava uma sensação de fraqueza e dependência e ao aplicar o okiyome sentia mal-estar, como se não estivesse preparada para aquilo.

 

Após cometer a falta, solicitei  a purificação do omitama, mas notei que estavam demorando em retorná-lo, sob a desculpa de terem enviado para ser purificado no Japão, podendo tê-lo de volta somente quando eu tivesse feito um hansei (reflexão) pela falta cometida. Decorridos 3 meses fui ao Dojô acompanhada do meu primo, que é advogado, a fim de comunicar-lhes a minha intenção de processá-los caso não devolvessem o omitama ou o dinheiro pago para prestar o seminário e eles atenderam imediatamente, aparecendo com o meu omitama!

 

Quando perdí o omitama foi como um presente de Deus no meu aniversário, pois me sentí livre e renovada, com a minha vida começando a melhorar. Contudo, os dirigentes me cobravam a recuperação do omitama, dizendo para pedir perdão a Deus, intensificando o meu gohôshi e as oferendas. Para isso, incitavam o meu ex-namorado a ficar contra mim, a fim de criar uma situação de conflito, levando-me a fazer mais gohôshi e depender deles.

 

Cheguei a receber uma orientação de uma jun-kanbu para me privar de qualquer relacionamento com o sexo oposto durante anos, devotando-me na limpeza do banheiro masculino todas as vezes em que fosse ao Dojô, pois só assim o meu carma de relacionamento  com o sexo oposto poderia ser apagado. Esse tipo de orientação, em vez de me convencer, acabou me afastando ainda mais do Dojô.

 

O dia 16 de dezembro de 2014 foi o último dia em que comparecí no Dojô de São Joaquim (SP)e  presenciei uma cena deplorável. Havia um senhor com leve problema mental e que vinha frequentando o Dojô há algum tempo, porém ninguém queria aplicar-lhe o okiyome, fazendo-o passar por humilhações. Sentí-me muito mal e quando me preparava para ir embora um kumitê me perguntou: Você já está indo embora?

 

Aquela observação foi a gôta d’água e respondí gritando que nunca mais voltaria lá, pois aquele lugar não era de Deus. Falei para todos ouvirem que alí a aplicação de okiyome era feita segundo o grau do seminário e que aquilo tudo era uma completa enganação.

 

Por mais absurdo que pareça, já sofrí até assédio sexual ao receber okiyome de um rapaz!


Chocada com a ocorrência, contei ao meu ex-namorado, que disse ser apenas uma impressão minha e que poderia ser a ação de algum espírito tentando me afastar do Dojô. Já um orientador me instruiu a receber o  okiyome apenas de mulheres, uma vez que eu era uma mulher que chamava muita atenção!

 

As orientações absurdas não param por aí. Além de dizerem que eu deveria ir diariamente ao Dojô receber o okiyome, os agradecimentos (oblações) deveriam ser feitos com a nota de maior valor que eu tivesse dentro da carteira e, segundo uma jun-kanbu, eu deveria procurar casar com alguém sempre mais rico do que eu, exatamente como ela tinha feito.

 

Todo esse estado de coisas foi me desanimando, enquanto comecei a enxergar a natureza falaciosa da entidade. Durante o tempo em que frequentei a seita, ví vidas desperdiçadas, casamentos mal-sucedidos, doentes graves que não buscavam tratamento, pessoas que oferendavam mais do que podiam, pessoas frustradas e carentes..........um verdadeiro inferno, que não desejo nem lembrar.

 

Quando encontro algum kumitê na rua finjo que nem conheço e troquei até o número do meu celular, para não ter mais nenhum vínculo com esse pessoal.

 

Sem dúvida é um capítulo da minha vida que eu quero esquecer, mas também acho que é meu dever alertar as pessoas sobre a farsa dessa seita chamada Sukyô Mahikari.


 

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