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Postscript

 

Já se passaram vários meses desde que eu publiquei o meu manuscrito original, tanto por via eletrônica quanto em cópia impressa. Durante esse tempo recebi muitas cartas e mensagens de todo o mundo de membros, ex-membros e, em vários casos, de suas famílias e amigos. "Obrigado por trazer de volta a minha mãe e o meu irmão," leio em uma delas..

 

Ultimamente sou, frequentemente,forçado a me perguntar, "para onde ir daqui?" ou "em que devo acreditar agora?"Durante cerca de 17 anos todas as minhas crenças religiosas, psicológicas ou espirituais foram dispostas na minha frente e em contrapartida, eu as dispunha para os outros seguirem. Eu simplesmente precisei seguir, sabendo que eventualmente seria premiado.

 

Qualquer coisa que eu não entendesse sempre era explicada convincentemente. A doutrina ou dogma que eu estava seguindo foi apresentado como sendo completo em si. Eu não precisava pensar por mim mesmo. Meu guru tinha enfrentado os grandes problemas e feito todo o raciocínio difícil com boa antecedência e o que ele não podia entender Deus o preenchia nas partes que faltavam. Como éramos preguiçosos!

 

Mas não havia problema — Deus entendia, estando mais preocupado em que eu acreditasse nas coisas certas, em vez de tentar desvendar os mistérios do meu universo por mim mesmo. "Pense como eu," foi-me dito e eu fielmente instruia os outros a fazerem o mesmo.

 

Depois de algum tempo seguindo atentamente os passos — ou a sombra (escura) — do meu guru, uma espécie de atrofia espiritual ou mental se instalou, até o ponto de me tornar uma espécie de zumbi, sendo capaz, sem pensar muito ou com pouco esforço ou energia, de defender a doutrina, considerando-a adequada para todas as ocasiões ou situações difíceis, minha ou dos outros. A iluminação era tão simples.

 

De repente, por causa do que eu descobrí, a minha fé e crenças foram destruídas.Tendo confiado completamente o crescimento da minha alma, mente, bem-estar físico e ambiental para meu guru por tanto tempo, sentí-me traído de modo inacreditável e tive que chegar à conclusão de como tal coisa poderia acontecer em nome de Deus.

 

Felizmente tudo isso ficou para trás agora, mas olhando para o futuro posso ver que logo devo reavaliar a minha percepção de "em que devo acreditar?"Desde que deixei a seita tenho sido convidado a participar ou exposto a uma grande variedade de grupos e sistemas de crenças.

 

Quais devo seguir ou devo seguir qualquer um afinal?Muitos dos meus amigos e leitores que eu ajudei a deixarem a seita estão fazendo as mesmas perguntas.Olhando para a miscelânea de sistemas de crenças em oferta, às vezes vejo a questão como mais um caso de 'oferta e procura'.

 

Será que não temos sido, mais ou menos, condicionados a procurar crenças de alguém as quais achamos confortáveis com o nosso pré-condicionamento e seguimos ou inversamente, a sermos conduzidos, sem pensar, por aquilo que os nossos pais ou colegas acreditam?

 

Muitos argumentariam dizendo que este não é o caso, desde que eles não são crentes, de qualquer modo. Mas não há o perigo de mesmo isto se tornar um sistema de crença em si mesmo, perpetuando a crescente demanda? E como muitos de nós viemos experimentado quando lidamos com os nossos próprios cultos, esta demanda certamente será suprida por uma fonte inesgotável da parte daqueles que procurarão capitalizar em cima das necessidades, que nós deveríamos tentar eliminar.

 

E assim, mesmo aqui se esconde o perigo de que poderemos apenas andar em circulos, cada um com uma coloração diferente.Talvez estejamos entrando em uma era ou começando a evoluir até o ponto onde perceberemos e aceitaremos que nossos pensamentos, interpretações ou crenças pertencem principalmente, se não exclusivamente, àqueles que os criaram e lá devem permanecer, ou seja, conosco mesmos.

 

A maioria das pessoas parece preocupada em buscar em primeiro lugar e então seguir um sistema de crenças muitas vezes pré-fabricada, infundada ou não comprovada, seja ele em nome de religião, espiritualidade, nova era, psicologia, economia ou ideologia política ou científica.

 

A estrada longa e sinuosa da história da humanidade está repleta de refugo de conchas vazias do zelozo idealismo humano — o comunismo é um exemplo flagrante recente, com o capitalismo desenfreado que ainda está para passar o seu zênite, também.

 

Se os céus permitirem, todos deveríamos começar progressivamente a encontrar nossa própria paz com o nosso próprio criador / Deus / cosmos / eu interno ou convicções, sob a forma que melhor combine conosco ou que sintamos confortáveis.Quando fizermos essa paz conosco mesmos, de repente a demanda desaparecerá.

 

E imaginem o que também desaparecerá quando não houver mais demanda!

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