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Predições furadas

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Segundo o  relatório anual da Missão Interministerial de Luta contra as Seitas (Miviludes) sediada na França, desde a queda do Império Romano o fim do mundo foi anunciado 183 vezes e que as seitas baseadas em previsões alarmantes são “mais alienantes e mais manipuladoras do que as outras” , sendo as suas estruturas, “mais histéricas e fanáticas”.

 

Não fosse o passado comprometedor e talvez a Sukyô Mahikari pudesse preservar a aura de mistério proveniente das predições escatológicas e prática de uma arte tão antiga quanto mística, mas com as supostas mensagens de Deus resultando em nada ou em ocorrencias contrárias, torna-se extremamente difícil sustentar a alegação de origem divina. Vejamos algumas delas:

 

1.    A campanha da Grande Expansão chegava ao seu terceiro ano em 1995 e o tema da mensagem de início do ano também foi essa, deixando transparecer que fazia parte do plano de Deus. Em janeiro ocorreu o grande terremoto Hanshin e a entidade aproveitou para convocar todos os kumitê à campanha, convencendo-os a renovar as decisões tomadas e, quando todos estavam se preparando, aconteceu o atentado no metrô de Tokyo com o gás Sarin.

 

 A partir daquele momento a mídia passou a se ocupar apenas com a seita Aum Shinrikyô( responsável pelo atentado, que teria vitimado 6.286 pessoas) e a aversão da sociedade em relação às seitas foi se intensificando. Então, repentinamente, o plano de Deus foi mudado e a entidade anunciou que a expansão deveria se restringir aos mais próximos, cancelando-se as atividades de Maboe (encaminhamento oral).

 

A um observador atento pareceria que o Deus da Mahikari foi incapaz de prever o terrível incidente ocorrido apenas 3 meses depois, despertando dúvidas e suspeitas, logo reforçadas por outros deslizes, protagonizados até pela própria Oshienushi.

 

2.    Durante a transmissão de ensinamento da Cerimônia de Outono de 1996, Keiju Okada fez referencias à crença do sol, que remontaria à era megalítica de mais de 600 mil anos atrás, afirmando que a descoberta, em 1994, de um antigo artefato de pedra, durante a escavação nas ruinas de Kamitakamori, na provincia de Miyagi, provava não só a existência do homem primitivo japonês, 100 mil anos mais antigo do que o Homem de Pequim, como também a existência da crença do sol desde aquela época.

 

Contudo, Shinnichi Fujimura, o arqueólogo responsável pela descoberta, foi desmascarado mais tarde pelo jornal Asahi, que publicou fotos mostrando o arqueólogo enterrando as peças nas ruínas, durante a escavação.​

 

3.    A visão espiritual também pareceu falhar, quando o famoso charlatão da paranormalidade, o mágico Uri Geller, compareceu como convidado de honra da grande cerimônia de aniversário da entidade.

 

Pouco depois do evento, o norte-americano James Randi, ilusionista mundialmente reconhecido, provou a farsa de Uri Geller, dando a impressão de que o Deus da Mahikari também não era capaz de identificar os falsários.

 

4.    Como tradutora e intérprete da entidade, traduzi incontáveis seminários básicos tanto no Brasil quanto no Japão e mesmo tendo feito o treinamento para formação de kanbu no Shinga-dai, Japão, algumas passagens da biografia do fundador despertavam-me dúvidas, até mesmo constrangimento, como a da «anunciação» do seu nascimento para a sua mãe, sob forma de um sonho, onde um grande rato branco teria roído o «dedão» do seu pé.  

 

Apesar de todo o meu esforço em traduzir o acontecimento com a devida seriedade e gravidade, era sempre penoso ver a reação de espanto dos seminaristas diante de uma descrição dessas.

 

A história do recebimento da medalha St Dennis of Zante era outra passagem, que além de penosa era nebulosa, pois ninguém havia ouvido falar dela, ao contrário de um prêmio Nobel da Paz, por exemplo. Hoje sei o motivo de tanto mal-estar, pois essa medalha supostamente concedida pela American International Institute (biografia Daiseishu, p. 175) era uma farsa.

Uma organização chamada Instituto Internacional Americano, sediada em​ Washington DC, EUA, afirma não conceder prêmios por serviços prestados em âmbito mundial e nenhum outro Instituto Internacional Americano foi encontrado em todo o mundo até hoje.

Uma pesquisa feita pela Internet revela que a Ordem Soberana dos Cavaleiros de Santo Dennis de Zante foi fundada nos EUA, pelo suposto "Conde" Péricles Voultsos em 1950 ,  sendo hoje, conduzida  pelo "Conde Thomas John Taglianetti".

Esta ordem declara que conta, entre seus membros, com personalidades proeminentes como o ex-presidente George Bush, mas o fato é que a medalha é enviada para celebridades  a fim de aparentar legitimidade e outras vezes para personalidades pouco conhecidas, em troca de contribuições em dinheiro e até mesmo colocada à venda via Internet ( na foto, com a fita e distintivo originais).

Sendo assim, é possível que o próprio Yoshikazu Okada e os assessores tivessem tido a idéia de aproveitar esta Ordem, adquirindo a medalha ou os assessores tivessem inventado a história da condecoração pela Ordem.

De qualquer forma, é mais uma prova do engôdo.

 

5.    Nenhum kumitê desconhece a ligação da entidade com Swami Rama, nascido Brij Kiśore Dhasmana ou Brij Kiśore Kumar, não só por existir referencias elogiosas sobre este yogi nas publicações da SM, como também pela sua sua presença, como convidado de honra, nas cerimonias principais da seita.

 

Eu mesma o conhecí, durante o treinamento no Shinga-Dai, onde ele compareceu para nos ministrar uma aula, transmitida totalmente em inglês, sem intérprete, o que impediu a compreensão e assimilação do seu teor pela maioria dos presentes. ​​​

 

O que pude captar, com o meu parco conhecimento de inglês à época, foi a referência repetida ao conceito de compaixão, mas o que todos os kunrensei (jovens sob treinamento) puderam entender claramente foi a demonstração que o yogi resolveu fazer sobre o controle físico exercido pela mente, determinando que um kunrensei, deitado sobre o tatami(piso) do Goshinzen (frente ao altar), fosse levantado por quatro kunrensei.

 

Na primeira tentativa, os quatro levantaram o colega deitado, sem nenhuma dificuldade, mas quando o yogi gritou Ra! ou Ha! os quatro não conseguiram mais levantá-lo, tal era o seu peso. Vozes de admiração e surpresa encheram o recinto enquanto Swami Rama se retirava, com ar solene, deixando-nos a certeza do seu elevado nível espiritual, embora sentissemos certa frustração por não ter podido presenciar o famoso yogi, o supra-sumo do mundo do yoga, segundo Sukuinushi-sama (Kôtama), «levitar, sentado, cerca de 3 pés do solo».

 

Apesar de alçado à categoria de santo e mestre número um do yoga por Kôtama, em 4 de setembro de 1997, o tribunal do distrito de Pensilvânia sentenciou o Himalayan International Institute of Yoga Science and Philosophy of the U.S.A. ("Himalayan Institute") o pagamento de US $ 1,6 milhões como compensação pelos danos infligidos às vítimas, membros femininos do Instituto, resultantes da má conduta sexual do ex-"líder espiritual", popularmente conhecido como  "Swami Rama."

 

6.    A ligação da entidade com políticos e partidos também é notória, mobilizando os membros do Mahikari-tai para trabalhar em prol de certos candidatos, mas até hoje permanece inexplicado um episódio que começou na cerimônia mensal de dezembro de 2000 do Dojô de grau superior de Kyoto (Dojo-chô Kunihiko Wada), onde foi feita uma coleta de assinaturas para apoiar o político Takao Koyama, membro da Câmara dos Conselheiros do parlamento japonês.

 

​Ocorre que Koyama, ex-funcionário da seita Seichô-no-Ie, era suspeito no caso conhecido como KSD, que envolveu até o ministro de Trabalho e em janeiro de 2001, foi preso por suspeita de suborno, sendo sentenciado a 1 ano e 10 meses de prisão.

 

​Apesar disso, nenhum esclarecimento ou retratação foi feito pela Oshienushi Keishu, nem pelos kanbu do Dojô, repetindo o mesmo procedimento de Kôtama, que patrocinava a carreira de criminosos como Takao Fujinami, indiciado no caso do escândalo Recruit, um dos mais famosos casos de suborno do Japão, descoberto em 1988.​

 

Em relação a esse capítulo de ligações com a política, veja a nova categoria «Ligações Suspeitas».

 

8.    Desde a época de Kôtama Okada era dito aos kumitê que a Arte Mahikari seria devolvida, um dia, à família imperial, não sendo mais designado nenhum Oshienushi depois do Segundo. A intenção velada de fazer supor que o sucessor de Keishu seria alguém da família imperial, com a qual a SM teria uma ligação estreita, tem sido sistematicamente desfeita pela agência da casa imperial, que nega a existência de qualquer vínculo com a entidade ou com quaisquer membros ligados à ela.

 

Recentemente, uma inesperada nomeação de Kôya Okada (ex-Odairi) como o Oshienushi terceiro, derrubou a própria tese sobre a família imperial.

 

9.    Para não fugir ao figurino, entretanto, a pior predição viria em forma de anúncio apocalíptico, chamado Batismo de Fogo. Como o Shinri Seihô (princípio divino transmitido pela seita) é baseado no Goseigen-shû (Livro das Revelações Divinas), com ameaças escatológicas, a história da seita é pontilhada de avisos de proximidade do batismo infernal, como o anúncio feito pelo próprio Kôtama, durante o festival de primavera de 1982: «Este é o ano 57 da era Showa e tendo decorridos 20 anos após a mudança da intenção celestial, os próximos 10 anos constituirão o período final decisivo para a sobrevivencia da humanidade».

 

​Com base nessa declaração, foi propalado que o Batismo de Fogo ocorreria em 1999, com a eliminação de 80% da humanidade e salvação de 20%, onde se incluiriam os kumitê.

 

​No livro «Mahikari Mondô» (Mahikari Responde) antigo, havia referencias alarmistas sobre a extinção da humanidade, afirmando-se que no período do Batismo de Fogo, o grande cataclismo do Céu e da Terra começaria em 1980, do qual apenas 20% da humanidade poderia sobreviver. A mesma predição é feita no livro «Salvai e sereis salvos» da autoria de Kôtama.

 

​Até fevereiro de 1998 a SM sustentou essa teoria, porém, a partir de janeiro de 1999 a entidade deu a entender que o plano divino havia mudado e na nova edição do Mahikari Mondô, passou a constar uma nova versão do Batismo de Fogo, que  não significava, na verdade, nenhum cataclismo, mas o impasse da atual civilização.

 

​Se a explicação de mudança da intenção divina já soou estranha, a ausência de declaração prévia pela «única representante de Deus SU na terra» de que Deus SU teria revelado a alteração no Seu plano, foi mais estranho ainda, pois esse tipo de mudança de intenção só faz sentido se avisado com antecedência e justificar-se depois que nada aconteceu, soa, inevitavelmente, como uma desculpa esfarrapada.

 

Mesmo quando se analisa a situação mundial atual, apesar das crises e guerras localizadas, não se pode afirmar que a humanidade esteja à beira de um precipício, nem que a população mundial tenha se reduzido a 20%, o que, além de invalidar a nova versão, configura má-fé, mesmo porque o Batismo de Fogo, descrito repetidamente por Kôtama, era um cataclismo mundial, da ordem de uma gigantesca erupção vulcânica.

 

Medalha Order of the Knights of St Dionysios of Zakynthos (St Denis of Zante) que estava à venda pela Internet

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