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Os iluminados

Diz-se que cerca de 4% das pessoas em uma população normal possui uma imaginação muito intensa e mais dificuldade em julgar as diferenças entre eventos reais e imaginários. Elas fantasiam vividamente durante uma grande parte de suas vidas acordadas, e ainda que alucinem a maior parte do tempo, isso é suficientemente controlável e não interfere em sua segurança, emprego ou vida familiar.

Os psicólogos americanos Wilson e Barber denominaram essas pessoas de "PPF - Personalidades Propensas à Fantasia" (Fantasy-Prone-Personalities). Elas podem alucinar de olhos abertos ou cerrados e podem evocar cenas completas ou adicionar artefatos às cenas reais.

Alguns exemplos típicos de PPF são os grandes visionários do passado, compelidos por vozes ou visões alucinatórias, tais como Sócrates, Joana D'Arc, Santa Terezinha e Swedenborg; os que relatam múltiplas abduções em naves alienígenas; e os "médiuns visuais" que vêem espíritos em profusão, por todo o lado.

O místico experimenta alucinações mediante manipulação dos seus próprios mecanismos dissociativos através de auto-hipnose e intensa concentração mental. Essas alucinações podem ser do tipo em que a pessoa percebe o "eu interior" abandonando o corpo e viajando para lugares distantes. Ou tomar a forma de visões de conteúdo místico ou sensações de união com Deus ou o universo.

De acordo com essa conceituação, o que ocorreu com Kôtama Okada pode muito bem ser tipificado como alucinação induzida por auto-sugestão ou auto-hipnose, conforme o relato de um ex-kumitê veterano japonês:

 

«....supondo-se que ele estivesse mesmo imbuído da missão de ser o Messias precursor, é notório que após 1967, as revelações( inspirações ou visões), deixaram de ocorrer, bastando analisar o livro das revelações (Gosseigen-shû) da entidade.

Percebendo que havia perdido a capacidade espiritual e o poder mágico, ele chega até a recorrer ao yogi indiano Swami Rama, no intuito de recuperá-los, porém além de não obter sucesso, acaba por receber até a influencia espiritual do yogi.

A fim de manter-se no poder, Kôtama reestrutura a entidade, ao mesmo tempo em que declara o absolutismo do Oshienushi e passa a conferir cargos às pessoas que ocupam posições destacadas na sociedade ou abastadas financeiramente, em vez daquelas que possuem experiência espiritual (tekazashi) ou ativas praticantes do gohôshi.

Muda o critério de seleção do pessoal, nomeando para líderes pessoas com aquele perfil, a fim de conquistar a credibilidade e expandir a entidade, o que de fato aconteceu.

Entretanto, o visionário e megalomaníaco Kôtama nunca pôde recuperar (o que acreditava ser) o Miizu (carisma) até à hora da morte, quando aparentando ser estrangulado pela corrente do próprio Omitama ,contorceu-se até exalar o último suspiro...»

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