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Mensagem de maio de 2016

 


Nos últimos anos, as tentativas de deixar as religiões, igrejas ou seitas têm sido uma constante. Pela Internet podemos encontrar sites que disponibilizam plataformas para compartilhar casos ou oferecem apoio e ajuda, como esta homepage.


Mesmo dentro do Cristianismo começa a haver esta preocupação de vício religioso e livros como o recém-lançado  Sober Spirituality (Sobriedade Espiritual), da autora americana Elizabeth Esther descreve como a experiência na igreja produz enlevamento ou êxtase.


"Há a iluminação ambiente onipresente para que você só possa ver o que deve ser visto ... A música alta garante que você ouça somente o que deve ser ouvido ... Vários atos de aquecimento de alta energia fazem você sentir apenas o que você deveria  sentir ... no momento em que a atração principal sobe no palco ... você está tão empolgado que irá entregar  o seu corpo, alma e carteira. Siquer lhe ocorrerá que isso pode ser destrutivo, porque sentimentos de exaltação é o resultado desejado".


O padre Leo Booth igualmente usa a linguagem dos Alcóolicos Anônimos no seu livro When God Becomes a Drug (Quando Deus se torna droga), onde ele promete aos leitores maneiras práticas de superar uma devoção excessiva e atingir uma espiritualidade saudável.


Sintomas de dependência


Quando a crença ou devoção começa a ser um vício? Existem alguns questionários disponíveis na Internet e nos sites de ajuda aos dependentes de religiões e seitas, porém, muitas vezes podem incluir sintomas que, apesar de não serem saudáveis psicologicamente, podem não ser indicativos de dependência.


1. Você usa a culpa para reprovar a si mesmo ou aos outros?
2. Você pensa nas relações com o sexo oposto como algo condenável ?
3. Você usa a religião para manipular ou julgar os outros?
4. A sua religião condena as pessoas que não acreditam nela?
5. Você é intransigente e crítico, com tendência a encontrar defeitos nos outros ou o mal no mundo?
6. Você nega a evidência científica para defender a sua religião?
7. Você acredita que uma entidade superior poderá solucionar os problemas do mundo e acha que forças sobrenaturais são a causa desses problemas?
8. Você costuma dizer aos outros sobre "a Intenção de Deus" e o modo "correto" de interpretar a vontade de Deus?
9. Você está preocupado com o pecado ou carma e vida após a morte?
10. Você atemoriza os outros com a punição divina ou outra forma de sanção pelos erros cometidos?


Responder positivamente a alguma dessas questões sugere que algo está fora de sintonia. Padrões de comportamento como esses podem interferir na auto-estima, capacitação pessoal, trabalho, serviço comunitário e relacões amorosas.


Benefício psico-social


Para tornar as coisas ainda mais complexas, um conjunto de crenças pode ser falso sem ser tóxico ou viciante e em algumas situações as crenças falsas podem até mesmo serem adaptáveis. Além disso, pesquisas sugerem que a participação em algumas formas de comunidade religiosa ou práticas espirituais, como a meditação, pode proporcionar benefícios independentemente da autenticidade ou do valor da pregação feitas por estas comunidades.


Reconhecendo isto, humanistas e grupos ateus começaram a fazer experimentos no sentido de criar igrejas seculares e assembléias humanistas em que não existem crenças sobrenaturais, mas se reúnem regularmente para canalizarem o sentimento de júbilo, prestar apoio mútuo, falar sobre valores profundos e inspirar trabalhos.


Estas comunidades experimentais estão explorando formas de manter o que de melhor existe nas religiões, sem o supernaturalismo e sem as outras partes que possam levar esses movimentos a algo prejudicial. No futuro, as comunidades espirituais seculares deste tipo podem facilitar a transição para as pessoas que deixam as religiões e movimentos sectários por considerarem-nos insalubres e viciantes ou que já não correspondem às suas necessidades.


Os resultados variam


O risco de alguma atividade ou substância se tornar compulsão depende em parte das características da substância e, de outra parte, das características da situação e do usuário. Sabemos, por exemplo, que a nicotina é mais viciante do que a maconha. Mas, mesmo para os prazeres mais intensos-aqueles que criam as maiores taxas de compulsão-alguns usuários mantêm a sua capacidade de autonomia e equilíbrio.


Algumas pessoas podem ingerir uma neurotoxina agradável como o álcool ou mesmo a cocaína com moderação, enquanto outras vêem-se atraídas inexoravelmente em direção à auto-destruição. O mesmo pode ser dito sobre as atividades prazerosas, como corrida ou jogos de azar. Assim, é provável que o mesmo aconteça com prazeres religiosos poderosos -  sentimentos intensos de euforia, transcendência, esperança, alegria, absolvição, segurança, imortalidade, certeza,  pureza,  propósito, identidade ou superioridade.


No final, a questão de saber se a religião é viciante para você ou a alguém que você gosta, retorna  à definição do vício em si, que inclui palavras como escravidão, hábito e trauma: A sua religião tem consumido a sua vida? Foi escolhido livremente? Qual o preço que você ou outras pessoas em torno de você paga para as coisas boas que você obtem?


Dependências à parte, a grande questão é se um conjunto específico de crenças ou práticas religiosas contribui para o bem-estar ou é prejudicial. A consultora de desenvolvimento humano Marlene Winell descreve um padrão que ela chama de síndrome de trauma religioso, que pode ser desencadeada tanto por experiências dentro das comunidades religiosas -especialmente aquelas que são autoritárias, isolacionistas e baseadas no medo -  ou como consequência de ter saído delas.O diagnóstico de Winell não é oficial, mas quando ela escreve sobre o tema, ex-crentes respondem às centenas, dizendo que eles se identificam com suas palavras e casos.


Uma crescente variedade de opções


Felizmente, para aqueles que acham a sua antiga religião prejudicial, viciante ou decepcionante, opções em quase todo o mundo estão crescendo. É dito que há tantos deuses como há fiéis e algumas pessoas que se livram de uma forma de religião encontram abrigo em outro. Mas um número crescente de ex-crentes dizem que eles são um ou outro tipo de pós-religiosos.






 

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