

Aprendendo com a Sukyo Mahikari (SM)
O que é Kyoiku Chokugo
O Kyôiku Chokugo ou decreto imperial sobre a educação foi assinado em 1890 pelo imperador Meiji. O seu conteúdo, baseado na moral confuciana, prega as virtudes de lealdade, de devoção filial, de fraternidade e de dedicação ao serviço do Estado, não sendo familiar aos japoneses da atualidade.
Este decreto imperial, que foi elaborado para exaltar o patriotismo, foi abolido em 1948 e embora pregue princípios morais universais, foi utilizado para dar suporte à educação militarista de antes da guerra, dando-se ênfase à passagem que diz "em caso de ocorrência de uma grave emergência, deve-se, com sentimento de justiça, dar prioridade ao público (Estado) e, por extensão, salvaguardar o destino da família imperial", o que significa que, "em caso de guerra, deve-se sacrificar pelo Imperador", cultivando-se, assim, o espírito de proteger a nação com a própria vida e que resultou, em última instância, na perda de milhares de vidas na II Guerra Mundial.
Contudo, o problema de aplicar este decreto imperial na educação moderna não se limita apenas ao retorno à educação militarista. É um procedimento anti- constitucional.
Após a derrota na guerra, o Japão foi convertido, através da Constituição, de um país de soberania imperial para um quadro totalmente inverso de soberania popular e com isto o Kyoiku Chokugo, baseado na soberania imperial, foi excluído/revogado por ambas as casas do parlamento, de modo que adotá-lo como material didático, sob qualquer forma, significa violar o artigo 99 da Constituição.
Quando deparamos com casos como o da creche Moritomo Gakuen (envolvido no escândalo do primeiro-ministro Abe e esposa), onde as crianças recitavam o Kyoiku Chokugo diariamente é inevitável suspeitar-se de uma educação ideológica, além do risco de se formar indivíduos robotizados, indiferentes ao fato de estarem sendo submetidos a procedimentos questionáveis.
O Kyoiku Chokugo é também uma espécie de bíblia da organização Nippon Kaigi (citado em outro artigo) cujos membros acreditam que os valores de antes da guerra, como o de servidão do povo à pátria, devem ser recuperados, provavelmente para atender aos propósitos de guerra do complexo militar industrial dos EUA, do qual o Japão se tornou vassalo, desde a derrota na II Guerra.
O atual primeiro-ministro Abe e a esposa, bem como a maioria do gabinete do governo Abe fazem parte do Nippon Kaigi, aproveitando-se de suas posições e cargos para beneficiar as escolas que ministram esse tipo de educação militarista, em uma atitude absurdamente anacrônica e que beira ao fanatismo religioso.
O que faz sentido, se considerarmos que o próprio Nippon Kaigi foi criado e é sustentado por seitas como a Sukyo Mahikari.
É interessante observar, contudo, que dentro dos templos xintoístas, que fazem parte do Nippon Kaigi, existem críticas ao conceito de família tradicional enunciado no Kyoiku Chokugo, pois enquanto o relacionamento harmonioso deva prevalecer entre os membros da família e amigos, quando se estende esta idéia de «membros bons e obedientes reunidos sob um líder bom» à escala nacional, surge o risco de se transformar a sociedade em uma sociedade totalitária e autoritária, exatamente como ocorre no fascismo e comunismo ou dentro das seitas emergentes.