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Esquema Mahikari

 

 

 

Sejam esquizofrênicos, visionários ou simplesmente homens ou mulheres de negócio, os indivíduos que decidem fundar uma igreja, movimento religioso ou seita têm dois objetivos na mente: serem idolatrados como gurus e viverem uma vida nababesca, à custa do dinheiro dos seguidores.

 

Analisando o caso das duas Mahikari (SMBK e SM), vê-se que o esquema de ganho foi montado sobre os inúmeros tipos de «agradecimento (oblação)» feitos pelos seguidores, incluindo-se o pagamento dos participantes dos três seminários e pela reassistência dos mesmos, tarifa mensal pela concessão da energia divina, cobrança pela participação nos encontros para treinamento, cobrança pela re-purificação dos 3 tipos de omitama, venda de objetos sagrados (omitama, goshintai e gosonzô), venda de publicações e acessórios diversos, venda de hortaliças da fazenda Yokô e cobrança pelo treinamento para a formação de kanbu.

 

Todas estas formas são uma espécie de exploração,pois mesmo sendo consideradas opcionais (não obrigatórias), na prática, os kumitê (seguidores) são pressionados psicologicamente a fazê-las,sob pena de serem discriminados pelos kanbu e demais kumitê.

 

A exceção é o pagamento pelo treinamento para a formação de kanbu, que requer certas condições, como idade, estado civil, nível de escolaridade, etc. , mas para quem se candidata, desistir ou ser dispensado antes de concluir o treinamento e se tornar dôshi (orientador) significa não apenas ser estigmatizado como alguém rejeitado por Deus SU,mas principalmente prejuízo financeiro.

 

Isto porque a seita cobra daqueles que manifestam o desejo de servirem a Deus SU,tornando-se discípulos diretos do fundador (a) e quando o candidato não possui a devida condição financeira, a seita empresta-lhe o dinheiro mediante um contrato de empréstimo, conforme poderão ver nas fotos 1 e 2, redigido nas línguas portuguesa e japonesa.

 

(No contrato da foto o valor do empréstimo feito ao kunrensei Marcelo Dizaró foi de R$27.205,51, na época em que o salário mínimo era de R$ 240/mês. Após anos de servidão no Brasil e treinamento no Japão, a entidade não lhe outorgou o cargo de orientador, sem nenhuma explicação ou justificativa, deixando-o apenas com o encargo de devolver a dívida, nos anos seguintes.)

 

Na minha época (anos 80) não havia esse sistema de empréstimo da parte da seita, de modo que vendí as jóias que a minha falecida mãe havia feito para mim, para custear o treinamento, que acabei não concluindo.

 

Aquele que obteve o empréstimo irá devolvê-lo após se tornar kanbu kôhosei (pré-kanbu), dentro do prazo de 5 anos, mas aquele que desistiu ou foi dispensado, até sem razão aparente, será penalizado através da devolução em dobro, sem falar na correção monetária. 

 

Por quê dobro? Porque na prática, do dinheiro emprestado para custear o treinamento e estadia no Japão, o kunrensei fará os diversos agradecimentos (oblações), tanto nos dojos de treinamento externo quanto no Suza (templo mundial) e pela assistência ao seminário superior, além de pagar o curso de japonês para um instrutor, que pertence à seita, ou seja, mesmo que a seita não cobre juros pelo empréstimo feito, o resultado não será tão diferente.

 

Se à primeira vista pareça justo fazer o «agradecimento» ou o pagamento pelo treinamento, já que no mundo cá fora paga-se para assistir palestras e seminários, se considerarmos que na igreja católica, aqueles que desejam servir diretamente a Deus,tornando-se padres, bastam comprovar a vocação para que a Igreja arque com os seus estudos, fornecendo-lhes alimentação e moradia gratuitas, chega-se à conclusão de que a seita não tem pejo em cobrar até dos futuros discípulos do Oshienushi.

 

Por sinal que, com a desculpa de não ser religião, a seita Mahikari não estabelece condições rigorosas para o ingresso no treinamento para a formação de orientador, nem mesmo vocação ou conduta ilibada, bastando ser solteiro e manifestar a vontade. Ao contrário da igreja católica, por exemplo, não é requerido ao orientador fazer voto de castidade ou pobreza, pois poderá casar e formar família, recebendo salário vitalício da organização, sendo que nos anos recentes foi  instituído inclusive um sistema de aposentadoria para os kanbu idosos.

 

Quando é designado para servir no exterior, o kanbu recebe ainda uma ajuda para custear a moradia, podendo fazer as refeições no dojô e como residirá sempre próximo dele, raramente terá despesa de transporte.

 

Devido a esse sistema, somente a folha de pagamento de cada shidô-bu deveria gerar uma despesa considerável, de modo que na minha época a Oshienushi Kôko (Keiju, Keishu ou Seishu) decidiu que as orientadoras deveriam entregar o cargo após o casamento, passando a ser sustentadas pelo marido orientador ou kumitê.

 

De qualquer modo, como as doações e oblações feitas por kumitê são constantes e quaisquer despesas são, quase sempre, cobertas por eles, os donos do negócio, encabeçados pelos respectivos Oshienushi, podem manter os seus status de gurus idolatrados, vivendo uma vida nababesca.

 

O ex-kumitê japonês Ko Heibun, no artigo postado em 2/6/2014 intitulado «Fornecendo mão-de-obra gratuita e pagando por ela», refere-se a uma outra forma de renda da seita, que chama de «cavar a própria sepultura».

 

«Os kumitê japoneses, além de todos os agradecimentos que são induzidos a fazer, precisam também adquirir o panfleto chamado «Yoko Life», destinado a arrebanhar seguidores, ao custo de 5 yens a unidade, a fim de distribui-lo nas residências do bairro onde mora.

 

Os kumitê iniciantes aprendem que ao fazerem a distribuição do panfleto estarão purificando o mundo espiritual da área, o que é uma completa tolice, não passando de uma folha de papel sem valor.

 

Pelo preço de 5 yens a unidade, mesmo que adquira 100 panfletos, o kumitê pagará apenas 500 yens (cerca de 11 reais), o que não é muito, porém se somar a essa despesa (trabalho de graça) o pagamento da tarifa da energia divina, otamagushi (oblação),  agradecimento pelo okiyome e pela assistência ao seminário, taxa de administração do dojô, agradecimento pela proteção recebida, contribuições diversas, compra de publicações e o valor da passagem do ônibus para participar da cerimônia mensal no SUZA  verá que acabará por desembolsar uma soma considerável de dinheiro».

 

 

 

 

Contrato de empréstimo de dinheiro em japonês

Panfleto japonês

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