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Deixando a seita   (post do blog Espicaçada na Mahikari)

 

 

Post de 6-4-15  


Creio que muitos ouviram do kumitê (seguidor da seita Mahikari) que os encaminhou, que «pode deixar quando desejar», «você não tem obrigação de permanecer na Mahikari», etc., mas tomem cuidado.


Deixar a seita logo após ter ingressado não é difícil, mas quanto mais passar o tempo e se tornar kumitê veterano, não apenas se torna difícil.............mas não lhe permitirão deixar a seita.


Em um depoimento publicado na revista Mahikari nº 424, uma kumitê relata a saga de ter se tornado Sewagakari (espécie de chefe de bairro) e do esforço despendido para convencer uma kumitê, sua conhecida, a voltar a frequentar o Dojô. Vendo que as palavras não a convenciam, resolveu ir diariamente ao okiyome-sho (local de prática da imposição de mão), antes do trabalho, para orar a Deus, pedindo permissão para que a kumitê voltasse a ser utilizada por Deus.


Apesar de todo esse esforço, a kumitê lhe comunicou um dia que pretendia devolver o omitama. Desesperada e sem saber o que fazer, acabou implorando para a kumitê «Por favor, não devolva o omitama, enquanto eu for Sewagakari!».


Depois disso, foi consultar o chefe do okiyome-sho e outras Sewagakari veteranas, refletindo onde havia errado, até que percebeu o grave erro cometido em ter feito um pedido tão egocêntrico como aquele à kumitê.


Imediatamente pediu perdão a Deus, orando para que pudesse reencaminhar a kumitê e decidiu se esforçar ainda mais, até receber a permissão de aplicar o okiyome à kumitê.


Bem, em primeiro lugar, acho que essa depoente deveria era ter pedido desculpas à kumitê conhecida. Apesar de ter se arrependido de ter dito para não devolver o omitama, ela só pediu perdão a Deus. Ou seja, mesmo sabendo que a outra kumitê estava se sentindo incomodada, não se arrependeu de ter continuado a assediá-la.


Este é um caso que exemplifica bem o que acontece quanto o kumitê deseja deixar a seita. Perseguem e insistem tanto que muitos acabam ficando, como essa kumitê que pensou em devolver o omitama.

Entretanto, o motivo de não poder deixar a Mahikari não se deve apenas ao fato de a seita fazer de tudo para manter o kumitê preso. Um outro grande motivo é o fato de perder o relacionamento de longos anos com os outros membros.


Se é no início, como ainda não encaminhou ninguém e os únicos membros que conhece são aquele que o encaminhou e sewagakari, bastará cortar as relações com poucas pessoas, as quais conhece pouco, não sendo nada difícil deixar a seita.


Quando acontece de o encaminhador ser um membro da família ou de sentir-se responsável por quem encaminhou ou do relacionamento humano se limitar às pessoas da seita, pelo fato de ter se dedicado longos anos, torna-se extremamente difícil desligar-se da organização. Isto porque, ao pretender deixá-la, muitas vezes terá de cortar as relações com os familiares e amigos.


Por isto que a maioria dos ex-seguidores simplesmente deixa de falar com os kumitê. Existem até kumitê de segunda geração que tiveram de cortar relações com os próprios pais, a fim de poderem deixar a seita.


Talvez achem exagêro, mas o fato é que enquanto mantiverem relações com kumitê, serão bombardeados constantemente com convites para retornar ou com argumentações baseadas na doutrina mahikariana e não terão sossêgo.


Manter uma relação normal após deixar de ser membro é quase impossível quando o outro é seguidor da Mahikari. Isto seria possível se houvesse kumitê que respeitasse a vontade alheia e não voltasse a tocar no assunto Mahikari, mas um kumitê assim é praticamente inexistente.


Para os kumitê, encaminhar os outros para a Mahikari significa salvá-los e praticar o ensinamento na vida cotidiana é o único procedimento correto e não ser capaz de fazer o mikumitê (não seguidor) ingressar na seita é não estar sendo útil a Deus. 


Outro ponto que deve-se ter em mente é que, mesmo devolvendo o omitama e manifestando o desejo de deixar a seita, algumas vezes o kumitê continua a ser membro da seita. O omitama devolvido pode ficar armazenado no Dojô (templo regional) ou sob a guarda de algum kumitê e a matriz da entidade pode não tê-lo recebido. Por outro lado, mesmo deixando de ir ao Dojo, algum kumitê pode estar fazendo o Reisen Hodji Onrei (agradecimento pela manutenção das ondas espirituais) e enquanto isto estiver sendo feito no nome de quem deixou, significa que este ainda pertence à entidade.


Este foi exatamente o meu caso. Apesar de ter comunicado claramente a vontade de me desligar, tanto à minha mãe, que havia me encaminhado, quanto à entidade, a minha mãe continuou a pagar o meu Reisen Hodji, sem me comunicar. Ou seja, durante todo esse tempo fui restringida da minha liberdade de crença.


Como eu estava tranquila, pensando «finalmente pude cortar o elo com a Mahikari.....só resta tolerar as conversações impositivas da crença mahikariana da minha mãe», quando eu soube que ela vinha fazendo isso, perdí a paciência.
Contudo, em vez de admitir a culpa, a minha mãe até se irritou e gritou comingo, dizendo «paguei pensando em você!»


Um procedimento assim, de restringir a liberdade de crença alheia, para os seguidores da Mahikari significa um ato virtuoso, de salvação alheia. Antes de considerar se é um ato prejudicial aos outros, precisam priorizar o ensinamento.
Como resultado, não pude deixar a Mahikari. Qualquer conversa sobre desligamento provocava surto na minha mãe, assim decidí ir convencendo-a aos poucos, consultando um terapeuta. Como amo minha mãe, não posso simplesmente cortar as relações.


Por sinal que existe uma forma de deixar a entidade, enviando o omitama à matriz, mas como esta forma pode comprometer as relações humanas, é preciso estar preparado. Eu gostaria de fazê-lo, mas pensando no estado da minha mãe, resolví não forçar por ora.


Deixar a Mahikari não é fácil. Só é possível fazê-lo sem resistência, no início.


Para todos aqueles que estão pensando em ingressar na seita, recomendo avaliarem o seguinte:
1. serão capazes de cortarem as relações com os familiares e amigos, quando desejarem deixar a seita?
2. serão capazes de manterem as relações com os kumitê, tolerando todo o tipo de constrangimento, após deixarem a seita?


 

 

 

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