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De quem é a culpa?


Venho recebendo comentários no Forum Social a respeito de condutas impróprias dos dirigentes (kanbu, orientadores) da seita Sukyo Mahikari, como este último que destaco aqui, enviado pela leitora que se identifica como Lenyr:

« Quanto maior a hierarquia dentro dessa entidade pior os dirigentes ficam...
Sakamoto Surubatyo (Shidobutyo) Hossa.
Feio, parece que brigou com o espelho, velho, casado e gordo.
Tem a mania de dançar com as Kurensei novinhas.
Imagina o mal-estar dessas jovens magrinhas e ainda ter que agradá-lo aparentando com falso sorriso estarem gostando.
O canalha ainda fica tirando sarro, roçando suas genitálias nas genitálias delas. Não duvido nada que ele tarado como é ejacule na cueca.
 Aquelas que no passado dançaram com ele quando eram Kurensei e hoje são Doshi contam essa experiência com nojo»

 


Escreví o que penso sobre este tipo de ocorrência no post intitulado «Pedido» no mesmo Forum, mas para aqueles que não se conformam com os dirigentes que não correspondem ao perfil de um ministro de Deus, para os quais a direção da seita ainda proporciona regalias, gostaria de dizer o que observei na minha época (anos 80), para efeito de comparação e análise.

Como relato na página «Quem Sou», a minha experiência dentro da seita foi das mais variadas, com dedicação no Brasil, Japão e EUA, durante a qual conhecí e conviví com todos os tipos de dirigentes e kumitê (membros da seita) e apenas uma vez conhecí um orientador, chamado Fujimaki, que praticava uma espécie de assédio sexual verbal contra certas kumitê.

Ele era o orientador responsável do Dojô do Rio de Janeiro, para onde fui enviada como kunrensei, para fazer o treinamento externo (fora do local de treinamento).


Haviam, na época, 2 jovens aprendizes (um homem e uma mulher) , que vinham diariamente ao Dojô e juntos executávamos todos os tipos de tarefa, desde a preparação das refeições até os burocráticos.

Antes da chegada deles, de manhã cedo, era minha tarefa preparar o café da manhã, para tomar junto com o orientador, durante o qual ele me dava as instruções do dia e fazia comentários sobre os frequentadores do Dojô e até sobre as orientadoras.

Sendo solteiro à época, ele estava à procura de uma orientadora para casar e perguntava a minha opinião sobre elas, deixando claro a sua preferência por orientadoras jovens e saudáveis, sem tendência ao seijôka (reação de purificação).


Embora tal exigência me deixasse surpresa,  a maior surpresa veio quando uma kumitê casada se queixou de um comentário que ele havia feito, referindo-se ao traseiro dela, no momento em que estavam subindo a escada que dava acesso ao goshinzen (recinto sagrado).

A esse incidente seguiu-se um outro em forma de comentário que ele me fez, referente à jovem aprendiz , de teor constrangedor e que mostrava claramente o seu interesse por ela. Obviamente transmití a ela e apesar de provocar certo mal-estar, chegamos à conclusão de que o orientador era muito carente.

Talvez a carência explicasse também certas atitudes arrogantes dele e assim resolví relatar a ocorrência para a Dna. Tieko, esposa do orientador superior Shirasaki e que sendo dojô-tyô (chefe do dojô) do dojô do Rio de Janeiro, vinha mensalmente presidir a cerimônia de agradecimento.

Ao ouvir o meu relato ela riu, abanando a cabeça, como se dissesse «esse Fujimaki ...sempre aprontando!» e observou que o que ele precisava era casar!

Essa reação não era a que eu esperava de uma dirigente superior de uma entidade supostamente criada por Deus em pessoa, com a missão de purificar e divinizar as pessoas, mas quando me dei conta de que tudo aquilo era uma mentira, algum  tempo depois, tudo começou a fazer sentido.

A reação da Dna. Tieko  só teria que ser aquela  porque ela sabia, depois de tantos anos praticando a imposição de mão, que a tal de «luz divina» tinha limitações e que dificilmente mudaria o caráter da pessoa ou curaria um viciado.

Não sei se ela e o marido  tinham conhecimento do verdadeiro objetivo da seita (enganação e exploração dos incautos), porém assim como muitos  seguidores que se devotam por anos a fio e que acabam constatando que essa tal de «luz divina» não é tão poderosa ao ponto de divinizar as pessoas, eles também devem ter descoberto essa perturbadora realidade, mas era tarde demais para voltarem atrás.

Se para o kumitê com cargo já é difícil deixar a seita, as consequências para o orientador dirigente que decidir deixá-la são muito maiores, devido principalmente à dificuldade de se reintegrar à sociedade, após tanto tempo, a não ser que tenha tido uma sólida experiência profissional antes de ingressar na seita, o que é raro.

Por este motivo, mesmo que acabe descobrindo a verdade sobre a seita, a maioria prefere ignorá-la, para garantir a sobrevivência e a «paparicação» dos kumitê, procurando agradar o orientador superior e abusando dos kumitê.

Já que essa tal de «luz divina» não existe mesmo e tudo não passou de invenção, não há mais o que temer, poderia até mesmo chantagear o orientador superior (como alguns fazem) para obter vantagens, mas o melhor mesmo é se aproveitar do cargo para assediar as jovens kunrensei ou mahikari-tai, que jamais reclamarão.

Então fica aqui a pergunta: de quem é a culpa ao final das contas?

Dos dirigentes oportunistas, dando vazão às suas taras e ambições ou dos kumitê, que mesmo sabendo ser a seita uma fraude, permanecem nela, sendo abusados, explorados e humilhados pelos seus donos e asseclas?

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