

Aprendendo com a Sukyo Mahikari (SM)
Carta de desagravo à ALESP
São Paulo, 23 de setembro de 2013
Sr. Presidente e Srs. Deputados da ALESP do setor da saúde,
Dirijo-me a cada um dos senhores, em representação aos ex-seguidores da seita Sûkyô Mahikari, para manifestar o nosso desagravo e repúdio à recente instituição do Dia Estadual da Sukyo Mahikari em São Paulo, pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.
A oficialização de uma data como esta, que trará benefícios concretos para a seita, além de ferir o princípio jurídico da isonomia, afronta o princípio da separação Igreja-Estado, vigente em nosso sistema constitucional desde 1891 e que fundamenta o Estado laico, onde não se privilegia qualquer modalidade religiosa, independente de sua origem, natureza, tempo de atuação, influência política ou suposta contribuição através da purificação, pelo contrário, com base na Constituição Federal de 1988, é dever do Estado proteger os cidadãos.
A gravidade do ato decorre principalmente do uso indevido da chancela oficial, utilizando-se do Estado para passar uma imagem de idoneidade da seita, cujos fatos desabonadores, que ora trazemos ao conhecimento dos seguidores e do público da América Latina através da HP (http://newsea.wix.com/aprendendo-com-a-sm), há muito são de domínio público no Japão, onde se originou, nos países europeus e nos Estados Unidos, incluindo-se os referidos na proposição do deputado Jooji Hato:
Fundação - A Sûkyô Mahikari (SM)não foi fundada por Yoshikazu Okada, mas por sua parceira e dissidente, Kôko Okada.
Yoshikazu Okada criou a L H Yokoshi Tomo-no-kai (L H Associação de Amigos Yokoshi), em 1959, que mais tarde viria a ser a seita Sekai Mahikari Bunmei Kyodan(SMBK) e apesar de ter transmitido à Kôko o nome do seu sucessor, esta se insurgiu contra a vontade do fundador, após a morte desde, forçando o legítimo sucessor Sakae Sekiguchi a mover uma ação contra a mesma, a fim de impedir a usurpação do cargo de grão-mestre da seita.
Pressentindo a derrota na contenda judicial, Kôko Okada criou a seita de nome Sûkyô Mahikari (1978)durante o processo, com o propósito de enganar os seguidores, dando-lhes a impressão de que a SMBK havia mudado de nome. Na realidade tratava-se de um expediente para ocupar a posição de grão-mestre, uma vez que abandonou a SMBK, após assinar o acordo judicial reconhecendo a sucessão de Sekiguchi.
Revelação Divina - A primeira revelação divina, supostamente concedida no dia 27 de fevereiro de 1959, não passa de plágio da revelação divina concebida por Mokiti Okada, fundador da seita Sekai Kyûsei Kyô (Igreja Messiânica), onde Yoshikazu Okada trabalhou de 1947 a 1957 como dirigente e do qual foi banido por assédio sexual e obsessão em invocar os espíritos. A revelação divina contem ainda uma informação falsa, pois o nome Kôtama, supostamente concedido por Deus através da revelação, já havia sido usado por ele na seita Sekai Kyûsei Kyô.
Objetivo - O objetivo da seita SMBK e por extensão, da seita SM, que não passa de cópia da primeira, não é a purificação da humanidade para livrá-la de doenças, mas uma suposta divinização em vida, a fim de produzir os homens-sementes (tanebito),que deverão edificar a vindoura civilização paradisíaca, após ultrapassar o Batismo de Fogo (apocalipse mahikariano).
Como o tempo urge, Deus teria concedido uma ajuda extraordinária para possibilitar a rápida divinização da humanidade, sob forma de imposição de mão, antes exclusividade dos ditos enviados de Deus, como Gautama Buda e Jesus, a qual supostamente permite a irradiação direta da luz divina, única com a propriedade de regenerar a humanidade perdida.
Contudo, a SMBK, fundada por Yoshikazu Okada e a SM, fundada por Kôko Okada, somadas, perfazem juntas mais de 80 anos de existência e se, segundo a afirmação do deputado Hato, as drogas e violência marcam presença no momento atual , é prova contundente de que a imposição de mão, praticada diuturnamente pelos praticantes das duas seitas, não está proporcionando a propalada purificação espiritual do mundo, muito menos do Brasil.
Isto ocorre porque a imposição de mão é uma técnica de cura conhecida e praticada desde a antiguidade, constando no Papiro de Ebers, um dos tratados médicos mais antigos localizado no Egito, datado de 1552 a.C. e que foi popularizada por Mokiti Okada, o fundador da Messiânica e copiada por Yoshikazu Okada, não sendo, portanto, nenhuma arte divina de purificação espiritual.
Pelo exposto, consideramos a aprovação de uma proposição como esta, um precedente grave, flagrantemente perigoso para a sociedade, por revestir a seita de importância, representatividade e legitimidade que não possui, colocando em risco a própria credibilidade da ALESP.
Continuaremos a repudiar e a denunciar quaisquer atos que desrespeitem ou desconsiderem os nossos esforços de alerta, principalmente quando praticados por organismo legislativo, que têm o dever de examinar as proposições com a devida cautela, seriedade e isenção, para o bem dos cidadãos que ele representa.
Norma R. S. Carey